terça-feira, 29 de dezembro de 2009

hoje eu sou capaz de matar um
to muito puta.


SRS. PASSAGEIROS APRESENTAMOS AS BOAS VINDAS A BORDO.
DURANTE O POUSO E A DECOLAGEM O ENCOSTO DE SUA POLTRONA DEVERÁ ESTAR NA POSIÇÃO VERTICAL, SUA MESA FECHADA E TRANCADA.

EM CASO DE DESPRESSURIZAÇÃO MÁSCARAS DE OXIGÊNIO CAIRÃO AUTOMATICAMENTE. PUXE UMA DELAS PARA LIBERAR O FLUXO E AJUSTE O ELÁSTICO EM VOLTA DA CABEÇA. RESPIRE NORMALMENTE E SÓ DEPOIS AJUDE OS OUTROS.

ESTA AERONAVE POSSUI 6 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA. 2 PORTAS NA PARTE DIANTEIRA, 2 JANELAS SOBRE AS ASAS E 2 PORTAS NA PARTE TRASEIRA.

OS CINTOS DEVERÃO ESTAR AFIVELADOS ATÉ QUE OS AVISOS LUMINOSOS SE APAGUEM. PARA AFIVELAR SEU CINTO DE SEGURANÇA, UNA AS PONTAS. PUXE A LATERAL PARA AJUSTAR E LEVANTE A FIVELA PARA SOLTAR.

CARTÕES COM INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA ENCONTRAM-SE NOS BOLSÕES À SUA FRENTE.

LEMBRAMOS QUE É PROIBIDO FUMAR E QUE O BANHEIRO ESTÁ EQUIPADO COM DETECTOR DE FUMAÇA.


cheio de analogias. ironias.

domingo, 27 de dezembro de 2009

VOLTAR PRA CASA

De volta ao lar.
Levo um tempo pra acostumar com outra cidade quando desembarco do avião. Levo mais tempo ainda pra acostumar com as pessoas dessa outra cidade. O ritmo, o sotaque, as relações, o trânsito... Cada cidade tem o seu particular.
Chego de volta pra casa e preciso me reconhecer em cada coisa que deixei aqui antes de viajar. No lugar da cachorrinha o gato, no lugar da mãe o namorado, no lugar da Cidade Baixa o Arpoador, no lugar da balada o bom comportamento, no lugar das amigas gaúchas as amigas cariocas, no lugar do Ossip o Baixo Gávea, etc, etc, etc.

Da última noite só lembro de flashes. Comecei na champanhe e terminei no Mc donalds. No meio teve cerveja e as melhores gargalhadas com as melhores amigas do mundo. As amigas que te conhecem sem vc precisar falar.
Conto na mão do Lula as amigas que fiz aqui que são tão íntimas e importantes como as de lá. Uma pena ter poucas aqui. Uma benção as que tenho lá. Um bando.
Bando barulhento. Ontem teve até escritor que ressuscitou a inspiração com a gente. Teve marido buscando quem já não tinha $ pro táxi, teve bar fechando e a gente tendo que procurar outro lugar, teve ir juntas no banheiro, teve confissões pornográficas, etc, etc, etc.

Nada a reclamar. Só o fato de me acustumar. Em poucos minutos depois de descer do avião voltar a ser eu aqui. A de lá ficou lá e pronto. Sem chorôrô.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

LIÇÕES DE NATAL 2009

* Alguns amigos são muito especiais.

* Quando alguns amigos te convidam pra uma festa dizendo "Quem faz a festa é a gente", é roubada.

* Quando na festa toca Shakira seguida de Lulu Santos nem o melhor amigo consegue transformar a festa num lugar divertido.

* Quando a festa tem open bar com cerveja, a cerveja não é suficientemente gelada.

* Outro natal nessa cidade só se for pra ficar na mão do palhaço.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

VERSINHO

Amar sem ser amada é o mesmo que limpar o cú sem estar cagada.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

natal, natal das crianças..

Já passei natal bêbada numa festa horrorosa em Porto Alegre.
Já passei de mau-humor numa festa horrorosa em Porto Alegre.
Já passei assistindo "Quanto mais quente melhor" em casa sozinha.
Já passei chorando em casa sozinha.
Já passei pulando do carro em movimento depois de brigar com o namorado.
Já passei comendo perú queimado e arroz de padaria com o namorado.
Já passei assistindo dvd com a minha mãe.
Já passei no colo do Papai Noel. (e que papai noel....)
Já passei em Caxambú.
Já passei dormindo na rede.

não sei o que me espera esse ano.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

SEXO FRÁGIL É O CARALHO
Tem sempre algo que me incomoda, que me tira o sono e dá dor de cabeça.
Quando não é ressaca é falta de anestésico.
Essa coisa que me inquieta tem a ver com o tempo que tá passando rápido demais. Queria mais amassos numa esquina onde uma mão deliciosa entra de baixo da minha minisaia, mais contar pras amigas o que aconteceu quando eu sumi ontem a noite, mais poder escolher, mais a vida inteira pela frente, mais mais uma por favor, mais, mais, mais, mais...
excesso. heterogeneo. orgia antropofágica. mais. opa, quer dizer, menos agora. Menos idade, menos barriga, menos celulite, menos medo, menos cinismo.
E também menos perigo. Menos perigo em tudo e principalmente nas coisas boas de fazer, sexo, drogas e você sabe.
Se eu optar por mais corro risco de não conseguir construir porra nenhuma e se eu optar por menos corro risco de ficar uma caretona. Eu não consigo achar um meio termo. Não há meio nesse termo. Tudo é rápido demais pra ficar no meio. No meio de quê afinal?
Lembrar de como fomos felizes, inconsequentes, ah! não me aborreça com recordar é viver.
saco cheio de caretice. saco cheio de bons modos. saco cheio.
só me resta dormir de camiseta velha e sem calcinha.
cortar o cabelo pra não cortar os pulsos.
economizar os bons momentos. o cúmulo da mediocridade.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Foda-se.
Isso é tudo o que eu posso pensar quando as coisas não saem como eu quero.
E foda-se mesmo porque tá tudo perfeito como está.
Eu to gostando de ficar em casa sem fazer nada porque não tem mesmo nada pra fazer. E to gostando de ficar em casa conversando com a Lua porque ela escuta e não me aborrece. E to gostando de ficar burra porque não to mesmo afim de ler nada. E to gostando de não ligar o computador porque eu to afim de não ligar o computador.
Ouvir música e tomar sopa (nesse calor) pra emagrecer.
Isso que me importa esses dias. E tomar umas cachaças a noite pra ouvir música melhor.
Ficar feliz por uma amizade reatada e por uma cirurgia que deu certo.
Isso que importa esses dias.
Ter feito depilação porque as mulheres só se sentem bonitas depiladas.
O resto foda-se, não é problema meu.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Os meus olhos ardem.
A exposição não leva a nada. Nada. Nada mesmo.
Ninguém consegue me ver de verdade. Ninguém compreende.
Vou me entupir com 24 brigadeiros que sobraram da festa. Vou acabar com o conteúdo da caixinha de papelão que está na geladeira.
Pronto.
É isso. Sentir gosto de chocolate. Açúcar.
Me entupir mesmo. Como uma adolescente lariquenta.
Alguma coisa em mim faz sentido? Eu combino com as minhas escolhas? Eu combino com as minhas roupas? Afinal, existe coerência na minha vida?
Estou caminhando pra onde? Aonde eu quero chegar?
É possível mesmo abstrair e viver na simplicidade?

Ridículo.
Me sinto um ponto de interrogação. Um fracasso.
Passo desapercebida.
Posso começar a fazer coisas estranhas então.

É isso.
Posso me tornar uma bizarra.


Ódio da cidade, da chuva da cidade, das pessoas da cidade.

Essa puta chuva e as mulheres de salto agulha.
Elas usam roupa de viscolycra branca na chuva.
Muito brega.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Acordei cansada.
Sonhei demais.
Senti cheiros. O cheiro do armário do quarto de Tv da casa da minha avó na Av. Bastian onde ela escondia os nossos presentes. Lembrei da coleção de xícaras de café que ela tem. Deve ter sido aí que desenvolvi essa fixação por canecas. Adoro canecas.
Lembrei também de um texto da Fernanda Young que já me serviu de inspiração pra um trabalho:

NÃO HÁ NADA QUE SE POSSA LEVAR PRA DENTRO DE SI NAS NOITES DE QUALQUER RUA DE QUALQUER LUGAR DO MUNDO. PORQUE LEVAR ALGO NÃO É TÃO FÁCIL. VOLTAR PRA CASA COM UM POSSÍVEL NOVO AMOR OU COM OS BOLSOS OU OS CORPOS CHEIOS DE COCAÍNA VAGABUNDA OU COM A CARTEIRA VAZIA OU COM UMA GRIPE CONTRAÍDA NUMA BOATE OU COM UM ANEL ACHADO NA PIA DE UMA PIZZARIA CHIQUE, NÃO É NADA ALÉM DE ILUSÃO.
NÃO SE SOMA A ALMA AQUILO QUE NÃO É CAPAZ DE ENTRAR DENTRO DELA.
E ALMA SÓ SE PREENCHE COM SILÊNCIO, ALGUM POEMA, UM CONSELHO QUE, DE BOM, FOI ESQUECIDO, BEIJO DE MÃE QUANDO SE DORME, UMA REZA SINCERA AO ANJO DA GUARDA, UM AMOR QUE É ETERNO E RARO DE SE ACHAR. E OUTRAS CENTENAS DE COISAS QUE TODOS PODEM TER, SE NÃO ESTIVEREM COM MUITA PRESSA.

Não sei muito bem porque esse texto voltou assim pra minha cabeça.
Só sei que fazem 3 dias que ele voltou. O texto.
Quero manter minha alma bem alimentada. E limpa. Alma limpa.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

- Queria te dizer umas coisas mas a nossa intimidade.. rs..
a nossa intimidade é tão..
sei lá.. frágil?
Mas eu sinto vontade de te dizer uma coisa.
É que você alimenta os meus desejos.
Todos eles.
E que por isso é preciso continuar, continuar tentando dizer alguma coisa, tentando escrever alguma coisa, tentando sentir alguma coisa.
A nossa insistência, a nossa resistência é o que nos engrandece.
Embora a grandeza não nos proteja da covardia. Nem nos proteja de nada.
Cuide-se.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Deve haver justiça em algum lugar, em algum plano etérico, em algum lugar meu Deus.
Senão não faz sentido.
Os escrotos que assaltaram e deram tiros no teatro devem se fuder em algum momento de suas podres existências.
Eu acredito nisso. Preciso acreditar.
Preciso acreditar que deve haver justiça em algum lugar, ainda que um plano etérico. Em algum lugar meu Deus.
Preciso acreditar que vale a pena aceitar as coisas que não podemos mudar.
Preciso acreditar em Deus. Em anjo da guarda. Em orixás. Em entidades. Em Shiva, Krishna, Vishnu, Ganesha e Brahma.
Senão não faz sentido.
Senão não dá.

sábado, 5 de dezembro de 2009

MOTEL CEMITÉRIO

" Enterre seus medos "

" Você vai sair daqui morto "

" Mate seus desejos "

" Você vai morrer de prazer "

" Passaporte para o paraíso "

fim de ano e cuecas jogadas no corredor

O ano ta no fim e pela primeira vez faço um balanço.
Foi assim: realização, sucesso, viagem, batalha, queda, ilusão, destruição, depressão, silêncio, dor, dor que não passa, grito de socorro, recuperação, tratamento, ver o lado bom do lado ruim, yoga, silêncio.
Nessa ordem.
Um ano junk.

Agora passo horas olhando a chuva pela janela... Em paz... Morro de medo da hora que a paz acabar... porque sempre acaba, porque tudo é impermanente.

Olho minha amiga Manu e vejo a força que ela tem.
A gente foi vizinha de porta em 2003. Ela namorava um paulista maluco e eu um pior ainda.
Um dia acordei 6 horas da manhã com a Manu gritando desesperada na janela : "Aninhaaaa socorro! o Augusto me trancou em casa e sumiu"
Depois de várias tentativas nossa de trocar a Manu de apartamento pela janela ele apareceu com uma mulher que era quase uma mendiga aqui no corredor. A gente esculhambou o cara, colocou pra correr, a Manu jogava as cuecas na cara dele aqui no corredor indignada.
O meu namorado na época era o Rafa. Esse era do avesso mesmo. Morava em Maresias e só aparecia aqui no Rio quando a chapa esquentava lá. Ele tinha um olho de vidro e toda vez que ia surfar tirava o olho e dava pra eu segurar "Meu olho vai fica te olhando" ele dizia. Mucho loco. Esse fudeu com a minha vida, 2003, o pior ano. Eu totalmente perdida. Só locura. Chapa quente. Mil grau mano.

A locura e a dor é o que nos iguala.
Ou a locura e o amor. Dá no mesmo. Ninguém escapa da locura, do amor e da dor. Ninguém.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ontem fui no aeroporto esperar a Mano chegar de Londres.
Não há palavras que confortem quando a mãe morre.
É a primeira vez que acontece da mãe de uma amiga falecer. Isso confirma o avanço da idade. Já não somos crianças.
No domingo estive com uma amiga grávida de 9 meses, toda aquela beleza de ser mãe ali latente e ontem a dor de ser filho.
Não consigo imaginar a minha vida sem a minha mãe, quando os cabelos dela começaram a ficar brancos eu chorei. Obriguei ela a pintar o cabelo, não admiti aquilo.
A minha mãe separou do meu pai quando eu tinha 2 anos, ela não suportava mais ele tocar "Leãozinho" no violão. Houveram algumas traições entre eles também, acho que da parte dos dois até, então ela virou a maior baladeira de Porto Alegre. Ela saía a noite pra dançar e eu muito pequena dormia em casa sozinha na cama dela esperando ela voltar. Vi ela voltar com vários caras diferentes, teve vários namorados que eram casados, várias vezes escutei os gemidos dela atrás da porta. Teve uma noite que chamei minha amiguinha pra dormir lá em casa e escutar também daí a gente saía correndo pelo corredor e enfiava a cabeça no travesseiro pra dar risada.
Foi nessa época que comecei a fazer contato com E.T.S. Juro. Tive várias experiências loucas em Porto e depois em São Paulo na casa dos meus primos.
A gente ouvia ruídos e via objetos estranhos no céu.
Passei muitas noites lendo o Atlas Geográfico pra entender de planetas.
A minha mãe sempre trabalhou fora então eu tinha a Dê que tomou conta de mim desde que eu tinha 1 aninho de idade. Minha mãe de criação. Minha mãe preta. Hoje ela toma conta da minha mãe. 30 anos do nosso lado.
Não dá pra imaginar a vida sem a minha mãe.
Vendo a Mano ontem me dei conta que não dá pra perder tempo com mesquinharia de sentimentos.
Na verdade não dá pra perder tempo com nada.
Passa tudo muito depressa. Num piscar de olhos vc nem existe mais.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fiz 31.
Mais pesado que fazer 30.
Há alguns anos eu anoto quem se lembra de me ligar e dar parabéns. Esse ano foram 3 casais de amigos (6 pessoas), + 5 amigos + 1 amiga que eu mesma liguei pra avisar + 7 pessoas da minha família (pai, mãe, avó, etc...) e vou considerar 1 amiga que ligou atrasada um dia depois. Ou seja 20 pessoas. E recebi 2 emails de 2 grandes amigos Monique e Pablo. 22 pessoas então. Legal. 22 pessoas lembraram do dia 22 de novembro.
Eu sempre resolvo comemorar de última hora. Nunca quero fazer nada daí as pessoas ligam eu fico mais felizinha e acabo encontrando algumas pra dar uma abraço. No ano passado ganhei uma festa surpresa linda com minhas amigas de São Paulo vindo pra festejar! Esse ano foi esquisito. Tive uma crise de choro. E pior, passei o dia do meu aniversário preocupada com minha querida amiga Mano. Ela foi morar em Londres e a mãe faleceu aqui no Brasil. Terrível. A dor mais profunda. A falta da mãe.
Ela chega no Brasil de volta hoje.

Não consigo encontrar muito sentido em certos acontecimentos...
Me falta humildade pra aceitar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O desejo é foda mesmo...
O post de baixo bateu recorde de comentários...

Mudando de assunto,
tem gente que é muito mais agradável a noite e alterado pelo álcool...
encontrei uma menina, que acho muito querida até, numa balada e ela estava ótima, amável, sorridente, parceira, animada...
encontrei a figura ontem e ela estava blase, contida e pra poucos amigos..
ah.. me poupe..
tudo bem, ela poderia estar com algum problema no momento ou sei lá o quê, mas então que permaneça bêbada.
em certos casos não tenho saco pra superficialidade...
depois que vc enfia o pé na jaca com alguém não é de bom tom fingir distância..
é patético! vc viu a criatura acabada e agora não adianta fazer pose pq somos todos podres por dentro.

Tem isso que nos iguala.
A podridão. As tripas. As dores. Os desejos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NA SOLIDÃO DOS CAMPOS DE ALGODÃO

É o desejo que segura as relações.
Não consigo mais duvidar disso.
Falo de qualquer tipo de relação. De qualquer tipo de desejo.

Fui assistir Na solidão dos campos de algodão com o Gustavo Vaz e o Armando Babaioff aqui no Rio.
Não sei se eu to sensível demais, questionadora demais, aberta demais, mas achei foda o trabalho dos meninos.
Tem algo muito profundo e verdadeiro ali.
Não sei se é desejo deles que transborda em estar realizando o projeto, se é o meu desejo de gostar do que vê, se é o meu desejo em fazer uma peça com um texto bom... não sei.. não sei... sou o Cliente, não o Dealer.

Não paro de pensar em desejo.

A peça trata disso.

O que você deseja?
Responde aí você que tá lendo aqui: Qual é o teu desejo?
Consegue dar nome ou forma pra ele?

Muito bem, eu não consigo.
Quer dizer, claro que tem coisas que eu desejo, sonho e tal, mas tem sempre um desejo que não se realiza porque não sei o que é.

“Eu não estou aqui para dar prazer, mas para preencher o abismo do desejo, recordar o desejo, obrigar o desejo a ter um nome, arrastá-lo até o chão, dar-lhe uma forma e um peso, com a crueldade obrigatória que existe em dar uma forma e um peso ao desejo.”

Eu quero falar um pouco de atuação.
Porra, atuar é complexo pra caralho.
Claro que tem dias que eu sou a maior truquenta em cena. E claro que eu vejo muito ator dando truque por aí.
Mas quando a gente se dispõe a fazer de verdade, é muito complexo... mistura tudo... vc com o que diz em cena, vc com o que pensa da vida, com o que pensa do cara que tá em cena contigo, ator com personagem, relação de ator/ator com a relação das personagens, o seu humor no dia, vc com o público, com o diretor, com o momento presente, com a sua verdade, com a emoção... caralho... é tanta coisa.. e apesar disso é simples tb. É mágico e sobretudo LIBERTADOR. É a experiência mais libertadora na minha pacata vidinha. Melhor que sexo, que eu já fingi gostar mais que fingi atuar e melhor que cachaça, que a ressaca não dá vômito e vc tem a chance de fazer melhor no outro dia.
A coisa de dar truque acontece mesmo. Tem dias que eu to cansada, sem dormir, ou sem poder mexer nas coisas de dentro. Daí dou um truque mesmo. Horrível mas é assim.

Os meninos mandam muito bem na peça.


"[...] que eu não te digo o que possuo e te ofereço, pois não quero ter de suportar uma recusa [...]. E que venham me dizer: digamos que alguém tenha um desejo, que o confesse, e que você não tenha nada para satisfazê-lo?"

Voltando ao desejo...
O que é que vc deseja?
Cuidado com o que deseja.
Você pode conseguir o que deseja.

Cara, que texto esse do Koltès. Puta que pariu.

Eu to citando várias frases por aqui.
Porque é tão bom, tão bom que é inevitável.

Não é uma peça fácil de montar.
É preciso estar atento ao texto pra ouvir pérolas do tipo "a amizade é mais pão-dura que a traição"


"Se você fugisse eu te seguiria; se você caísse com os meus golpes, eu ficaria perto de você para o seu despertar; e se você decidisse não acordar, eu ficaria ao seu lado, no seu sono, no seu inconsciente, além.”

Na verdade o Cliente não diz o que deseja e o Dealer não diz o que tem para oferecer. O Dealer tem certeza que o Cliente quer alguma coisa mas não oferece o que tem por que não suportaria a recusa da oferta. Ele é o que diz "Sim, eu tenho. Sim, eu terei. Sim, não tenho aqui mas consigo pra vc."

“Se você anda na rua, a esta hora e neste lugar, é que você deseja alguma coisa que você não tem.”

Sim, eu ando na rua procurando satisfazer meus desejos que nem sempre sei o que são.

“Acontece que, da mesma forma que eu sei – sem explicar mas com uma certeza absoluta – que a terra sobre a qual nós estamos colocados você e eu e os outros está ela mesma colocada em equilíbrio sobre o chifre de um touro e mantida nesta posição pela mão da providência, da mesma forma eu me esforço, sem realmente saber por que mas sem hesitação, em ficar no limite do que é conveniente, evitando o inconveniente como uma criança deve evitar se pendurar na beira do telhado antes mesmo de compreender a lei da queda dos corpos.”

“Assim você afirma que o mundo sobre o qual nós estamos, você e eu, é mantido na ponta do chifre de um touro pela mão de uma providência; acontece que eu sei, eu, que ele flutua, colocado sobre as costas de três baleias; que não há providência nem equilíbrio, mas o capricho de três monstros idiotas. Nossos mundos não são então os mesmos, e nossa estranheza está misturada às nossas naturezas como a uva no vinho.”


Então é assim.
As relações são puro desejo.
De sexo, de poder, de satisfação.
Quase sempre de poder.
Quase sempre de poder.
Até no amor.

E o que a gente deseja da vida?
Na filosofia da Yoga o desejo é o grande gerador do sofrimento.
Já acreditei nisso. A ponto de simplesmente não desejar nada. Ficar deixando rolar... sem desejo, sem frustração...
Mas e aí?
Sem desejo tem algo que pulse?
O desejo de uma boa foda.
De uma dose.
De dar um berro bem alto.
De tomar banho de mar.
De fazer os outros te entenderem.

Sem isso o que que sobra?
E se alguém aparecesse na minha frente garantindo que pode dar forma ao meu desejo?
E se eu desejar algo julgando que é o melhor pra mim e não for?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SEM NOÇÃO

Muito ruim o post de baixo. Só não apago pq não tenho intenção de ser escritora nem nada. Minha leitora frequente é minha amiga Carmen. Ela sim escreve. Tem textos publicados. Carminha, acho bom tu ler aqui pq as vezes a gente fica sem se falar e só assim tu pode acompanhar o quanto estou maluca ou sã.

Esse post aí de baixo, por exemplo, eu ia falar de outras coisas, um pensamento que tava na minha cabeça e que foi interrompido por causa do trabalho. Só tenho internet aqui no trabalho agora. Daí tudo perdeu o sentido pq hoje eu já nem lembro aonde ia chegar esse devaneio todo aí de baixo. Só lembro que chegou uma garota antipática que me interrompeu.

Eu adorei o apagão.
Desejei que não voltasse a luz. Assim terminaria o império da televisão.
Ninguém mais ia poder assistir novela.

Que bobagem.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

eu aspiro quando inspiro

Assisti 2 filmes hj, A CONCEPÇÂO, brasileiro que eu já tinha visto uns pedaços e IDENTIDADE ROUBADA de Israel.
Os 2 falam da crise de identidade de maneira bem diferentes.
Dizem que eu sofro desse mal, mas será que alguém se vê de verdade?
Quando eu me olho no espelho eu vejo tudo que eu não sou aparentemente, eu vejo o que ninguém vê de mim. Parece que eu sou pequena demais pras coisas que carrego dentro. As pessoas frequentemente me acham saudável (claro! não faço questão que me vejam na merda! quando estou mal mesmo eu nem saio da cama quem dirá de casa) e eu acho engraçado isso. Normalmente a gente pensa tudo errado do outro.
Eu tava fazendo uma peça que terminou no domingo e a primeira fala do espetáculo era assim: "Só encontrará a sua vida aquele que a perdeu"
Meio budista a frase mas meio anarquica tb.
Eu tenho estado ok pq to realmente cagando pros outros. Cagando mesmo! Pela primeira vez na vida.
Tá tudo certo como tá. Não tenho nada pra explicar pra ninguém. E me preservo das más companhias.
As más companhias pra mim não são os doidões que me acompanham, são os vampiros que me sugam. Pra eles eu não dou o meu sangue mais.

Mas voltando ao espelho, se tem coisa que me deixa viajando é ficar me olhando no espelho. Cara, eu sou muito diferente por fora. É impressionante!
Tem dias que o que tá fora me ajuda nas coisas cotidianas mas me atrapalha muito o dentro eu acho.
Eu tinha que ser mais alta. Mais séria.
Não sei como eu, desse tamanho, carrego tanta coisa. Onde essas coisas cabem? Que corpo é esse meu Deus que guarda tudo?

No CONCEPÇÂO o personagem do Matheus Nachtergaele fala alguma coisa do tipo que é a memória que fode com a gente. Eu acho o Matheus um deus. O melhor ator do mundo.
Nem tenho palavras pra elogiar essa criatura. E com essa desculpa da memória eles ficam o filme todo mudando de identidade, fazendo orgias, tomando de tudo e se divertindo. Parece ótimo. Um tesão mesmo. Depois o movimento concepcionista acaba. E o filme tb. Imagino que vc não consiga mais ser uma pessoa "normal" depois de ser tão "livre" e deve ser horrível viver só de memórias.

Caralho, desculpa a intromissão inevitável mas to no trabalho nesse momento eu faço um bico de recepcionosta e chegou uma figura muito antipática que vou ter que atender.

sábado, 7 de novembro de 2009

os 6 pecados num dia só ou o inferno astral

Tudo começou ontem cedo quando fui procurar o certificado de conclusão do ensino médio que preciso apresentar pra pedir o meu diploma na Faculdade. Eu me formei em 2005 e só fui atrás disso anteontem.
Encontrei o boletim dos colégios Rosário e Mauá numa caixa com vários outros recuerdos. Cartões postais, bilhetinhos do tempo do colégio, desenhos, poesias feitas pra mim por vários namoradinhos, cartas escritas a mão em folha de caderno, endereços, fotos com meu pai e meus irmãos, cartão de aniversário....
Li um por um e acabei cometendo 6 dos 7 pecados na mesma tarde.

SOBERBA: Fiquei orgulhosa com a quantidade de bilhetinhos apaixonados que encontrei. Incrível! Me senti a Rainha da cocada preta! Gostosa pra caralho!
Achei tb uns desenhos lindos de uma namorado artista plástico que acho que vou até enquadrar!! E qualquer hora vou transcrever os bilhetes do João Carlos, ele era meu colega no colégio na quinta ou sexta série, sei lá, não importa que foi escrito a 18 anos atrás, ele era cego de amor.

LUXÚRIA: Os bilhetes são a prova de como eu sou (ou era, pra ninguém se assustar!) galinha. Esse João, coitado, chega a escrever que não entende porque que eu fico com todos os guris e não fico com ele. Sabe por que João? Pura maldade e manipulção feminina. Eu lembro que nunca quis ficar com ele mas vivia dando esperança pra ele continuar ali a disposição.

IRA: Encontrei as cartas do meu primeiro "namorado sério", o Cris. Deu uma raiva dele. A gente namorava e ele me deu um pé, daí resolvi ir pra Califa passar um ano e desencanar dele só que uma semana antes de eu pegar o avião ele quis voltar a namorar, voltei.
Absurdamente viajei pra Califa aos 17 com as minhas melhores amigas, não peguei ninguém lá, saí pouco e voltei antes do previsto porque tava namorando esse babaca do Brasil. Puta que pariu! Nem preciso dizer que gastei todos os dólares em presentes da RIP CURL pra ele e que uma semana depois de eu chegar de volta no Brasil ele me chutou de novo.

PREGUIÇA: Com tantos recuerdos em mãos fiquei com preguiça de ir na Faculdade levar os documentos.

INVEJA: Porra, morro de inveja das minhas amigas que ficaram na Califa, aprenderam inglês e ainda foram pro Hawaii.

GULA: Devorei um açaí de 500ml sem estar com fome.

Ok, não fui avarenta pelo menos. Mas senti culpa pelos cartões postais da minha mãe. Ela escrevia da Espanha quando foi fazer a pé os 700 km do Caminho de Santiago. Cartões supercarinhosos. Enquanto ela estava lá em busca de algo Sagrado, eu tava dando altas festas no ap de banda. E quando ela voltou eu fiquei zoando e perguntando se ela enfim tinha encontrado Deus. Tadinha, voltou cheia de bolha no pé de tanto caminhar.

Senti saudade dos meus irmãos olhando as fotos da gente na Praia do Rosa em 1999. E do pai tb.

Daí fiquei pensando na velhice.
Vou fazer 31 esse mês. O tempo voa. (não diga?!).
Me sinto adolescente ainda, totalmente despreparada pra assumir certas coisas. Ou seja, uma bosta, porque já não sou a Rainha da cocada faz tempo e não sou porra nenhuma tb.
E me sinto sozinha. Mesmo acompanhada. (não diga?! que clichê minha filha, conta uma novidade agora!)
Por que a gente sempre acha que pode contar com alguém mesmo depois de quebrar a cara na parede milhões de vezes?
Não faz sentido!
Preciso decidir se terei filhos daqui a pouco.
Filhos meu Deus?
Já quis muito ser mãe, já engravidei 2x inclusive.
Hoje me sinto tão só que seria incapaz de imaginar a gestação.
Fora as celulites e a lei da gravidade que jogam na minha cara o tempo todo que eu não sou mesmo mais a Rainha da cocada preta.
Já não posso tomar sol demais pra não manchar a pele.
Tudo um saco!
Tudo conspira pra que a gente queira parar o tempo.
Deve ser o inferno astral.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ao som de Tommy Guerrero

Pois é...

Deu sol no dia dos mortos aqui no Rio. Não lembro de ter acontecido isso antes. Sempre chove ou venta muito. Deve ser pra lavar e varrer as almas. Mas de noite chuveu. Fiquei aliviada.
Fui tomar uma cachaça no barzinho perto de casa e olhando pra chuva lembrei do tempo que eu ficava 3 meses de "férias" na Guarda do Embaú. (digo "férias" pq nessa época eu vivia de férias, fazia 3 matérias na faculdade de Direito só pra não encherem o meu saco e tinha uma amiga que fazia as provas por mim)
O último verão que eu tive a cara de pau de fazer isso de ficar 3 meses lá foi de 98 pra 99. Aluguei uma casinha de madeira azul com 2 amigas e ficamos lá pastando, fumando, bebendo, vendo as pessoas chegarem e irem embora de suas curtas temporadas.
Nossa casinha era incrível, foi guarita pra vários malucos da Guarda que as vezes não tinham onde dormir, cenário das nossas paixões de verão, lugar pra amanhecer fazendo a cabeça com a galera depois da balada... muito bom...
Além da gente tinha uma casa vizinha com uns guris de Niterói que tb ficaram o verão todo. Eram nossos amigos e um deles que a gente apelidou de Palmeira Triste teve um casinho com a Bruna. Coitado. Ela cagava pra ele e ele sempre ali...
Na última noite do Carnaval esses meninos foram presos. Acusados de tráfico. Foi muito triste. Todos muito novinhos e apavorados indo embora algemados de cabeça baixa morrendo de vergonha. Ficamos arrasadas...
Lembro que quando chuvia a gente ficava andando pra lá e pra cá pela vilinha de pés descalços na lama e que a gente fazia o guarda-sol de guarda-chuva. Ou então a gente sentava no Bar do João e ficava suspirando esperando o amor das nossas vidas passar ou o sol aparecer.
Uma noite a gente chegou da balada e tinha uma garrafa de cachaça de gengibre de presente na nossa porta, nunca descobrimos quem deixou lá.
Essa é uma das melhores lembranças da minha vida.
A gente era muito sortuda.
No final desse verão eu me apaixonei por um hippie que tava acampado no meio do mato e larguei a casinha pra morar com ele na barraca. A gente só comia arroz integral, sempre num prato feito da cabaça de côco e com garfos feitos de madeira artesanal. Mucho loca.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Até que enfim consigo acalmar as coisas que me atropelam pra escrever.

Aluguei meu ap de solteira pra uma maluca que não entrega as minhas correspondências e se recusa a sair.

Esse é um drama que, acho, termina no dia 4/11. Ela queria ficar lá por 3 meses e quando eu disse que não ia dar ela enlouqueceu. Agora acho que chegamos num acordo, devolvi uma parte do aluguel que ela já tinha pago pra ela sair no dia 4 e espero que ela saia mesmo.
Na semana passada estive lá e a casinha que eu morei 9 anos tava um barraco, tudo sujo, um varal no lugar da rede, quase morri.
É um absurdo que a lei proteja os inquilinos. Não tem nada que você possa fazer se tem alguém que não te paga mais o aluguel e que você precisa que saia porque você mesma não tem onde morar.
Estou com um problema sério no prédio que eu tava morando, tenho um vizinho viciado em crack que dá tiro pra cima e ameaça matar todo mundo.
To com muita vontade de ir pra India... um sonho mesmo....

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Continuo sem casa e sem computador. Um saco.
Há dias que sufoco qualquer tipo de sentimento.
Acontece que fui no cinema assistir À DERIVA e chorei um pouco. Não exatamente por causa do filme, não é tãoo bom assim, mas ver a vida sob o ponto de vista daquela adolescente me fez lembrar coisas.. coisas sei lá....
Aquelas relações familiares tão próximas do meu universo.
Aquela mãe bêbada e infiel que fica uma bruxa com os filhos...
Aquele pai gatão e infiel mas que é o máximo com os filhos...
Morri de saudade do meu pai, de quando ele tocava violão e ficava dançando Beatles comigo.
Lembrei de um dia que o Mario Bortolotto escreveu no blog dele que era aniversário de 18 da filha e do cagaço que era ser pai.
Desde aquele dia eu perdoei o meu pai. Mesmo. Puta cagão tb.
Fiquei com vontade de comentar no blog do Mario Bortolotto, dizer que a figura do pai fazia falta sim, que é de fato o nosso primeiro contato com o masculino, que pode gerar problemas sentimentais mas que, no fundo, a gente supera. Supera mesmo.
E que a gente ama o pai desesperadamente! Mas não comentei.
O meu pai nunca acertou um presente de aniversário. Foram anos ganhando relógios de pulso, e eu nunca usei relógio, depois 2 anos ganhando bolsas da VICTOR HUGO e eu nunca fui patricinha e agora tá numa fase de lembrancinhas inúteis.
Tudo bem.

Voltando ao filme, o tal pai tb aparece cagado no momento que a filha mais velha some de casa. Ele passa uma noite esperando ela aparecer na beira da praia.
Ela foi dar pela primeira vez. Perdeu a virgindade num barco com o Cauã Reymond.
A cena dela caminhando com ele em direção ao barco me lembrou a minha primeira vez. A gente sabe que ta indo pro ABATEDOURO. E vai feliz. Morrendo de medo de doer e sangrar mas bem feliz.

Depois fui no lançamento do DVD da peça INVEJA DOS ANJOS do ARMAZÉM.
Emocionante tb.
Humano. Poético.
Eles, os atores do ARMAZÉM, estavam arrasados apesar do evento lindo que foi.
Um ator da INTRÈPIDA TRUPE foi assassinado a facadas pelo irmão. Maior bad trip e eles tinham acabado de receber a notícia. Encontraram o cara morto com um saco na cabeça.

Acabei bebendo demais no coquetel. De barriga vazia. Acordei enjoada.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ENQUANTO ISSO NA NOVELA DAS NOVE

DUAS AMIGAS CORRENDO NA LAGOA E UMA PARA:

- TO CANSADA. VOU TER QUE DAR UM TEMPO PRA VOLTAR. NAO TO ME SENTINDO BEM, DESCULPA, NAO QUERO ATRAPALHAR SEU TREINO, VOU PEGAR UM TAXI E IR PRA CASA DO MIGUEL, VAI ROLAR UM AMORZINHO O DIA INTEIRO.

- VC TEM SORTE.

- SO TINHA QUE MUDAR UM POUCO A MINHA VIDA.

- VC TINHA QUE COMER E PARAR DE BEBER.

- CHEGA! NAO ENCHE O SACO! TO CANSADA DE OUVIR ISSO DE TODO MUNDO. NAO VEM COM DISCURSO DE BOM EXEMPLO PRA MIM NAO.

- ESCUTA, ESCUTA, MAS NAO DEIXA ENTRAR NA TUA CABECA!

- QUAL E? VC NAO E EXEMPLO PRA NINGUEM NAO, ESQUECEU? SO QUERIA VER O QUE VC IA FAZER SE TIVESSE A METADE DOS MEUS PROBLEMAS.

- IA TENTAR RESOLVER UM POR UM.

- IA VIVER DE PORRE ISSO SIM.

- VC PENSA O QUE? QUE EU TB NAO QUERO EMAGRECER? QUE EU NAO TO TENTANDO FAZER DIETA? O QUE QUE ADIANTA SER MAGRA E DOENTE?

- MELHOR QUE SER GORDA, MUITO MELHOR QUE SER GORDA E CHATA. TCHAU.

-
Nao ha um assunto especial.
Perdida em apartamentos estranhos, so consigo pensar no instante seguinte.
Nem isso, nem penso em nada.

Nao ha assunto nem vontade de falar.
Nao ha passado, nao ha futuro distante.
Nao ha um presente interessante que seja o caso de dividir aqui.
Nao ha acentos nesse texto porque nao ha o meu proprio computador.

Ha uma mulher nua de madrugada tentando dormir.

Nao ha sentido.
Nao ha desejo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

PÉROLAS DO PASTOR MODERNO NO SALÃO DE BELEZA

Eu detesto gente metida a engraçadinha, ela mesma faz a piada e ela mesma ri.

Pois bem, estava eu no salão de beleza fazendo a unha e entra um cara de 50 e poucos, barbudo e meio ruivo pra fazer a unha tb!
Ok, reparo que ele frequenta o tal salão pq todas as manicures falam oi pra ele,
daí ele senta do meu lado e quando perguntam se ele aceita um café, ele dispara: "Tá fresco?" a mocinha diz que sim um pouco chateada com a desconfiança sobre a qualidade do café e o engraçadinho: "Então pede pra esquentar" soltando aquela gargalhada patética e pigarrenta.

Daí pronto! Começou e não parou até levantar a bunda pra ir embora.

Pior que ser engraçadinho é que o cara explicava a piada:
"Se o café tá fresco tem que esquentar, ninguém gosta de café fresco"

"É igual elo de ligação, elo já é ligaçaõ se não fosse seria argola"

"Ou aquelas notícias que o cara sofreu um acidente e teve morte fatal, morte já é fatal"

Imaginem que sempre depois da frase vem a risada patética e pigarrenta e que eu to de TPM e que ainda por cima descubro que o cara é pastor.

Respeito a religião de cada um, tenho um tio e 2 primos pastores, um avô Pai de Santo, uma avó espírita e uma mãe esotérica, tá tudo certo, mas saquei que o cara me sacou com uma cara de cú, cheia de olheira e começou a pregar.

Primeiro ele explicou que foi o americano que inventou a calça jeans pra dizer que na igreja dele pode usar calça jeans (e eu tava de calça jeans).
Depois ele explicou que Napoleão foi quem inventou a camisa com 3 botões na manga e que a gravata foi inventada pra esquentar o pescoço.

"A pessoa tem que ter bom senso, não pode ir pra igreja de mini-saia, imagina, se senta na primeira fila de mini-saia o pastor vê até a religião dela"

Tarado.

"As pessoas me perguntam se pode usar camisa vermelha, eu digo pode, vermelho não é coisa do capeta não, se a casa pegar fogo tem que chamar o bombeiro e o bombeiro usa camisa vermelha"
"A pessoa pode ser vaidosa, se cuidar, eu não posso chegar na unha com um palmo....
opa, eu não posso chegar na igreja com um palmo de unha"

Ato falho. Deve ser um cretino.

"Agora tem o bikini cepacol, vai até onde o fio dental não alcança" (risada pigarrenta)

Começo a pensar num jeito de horrorizar o pastor porque ele não cala a boca um segundo e fico atenta pra a qualquer momento fazer uma coisa bizarra só pra ver como ele reage.

"O pessoal não quer mais saber de ler a bíblia, eu digo, o tempo que vcs perdem no orkut podiam estar lendo a bíblia"

"O pessoal tá fumando o Apocalipse"

Reparo que ele reparou a tatuagem no meu pé.

"Tem gente que escreve o nome de Jesus no braço mas não lê a Bíblia"
"O cristão tem solução pra tudo, até pra morte. Temos a Eternidade"

Eu continuo quieta esperando o bote e percebo que a unha dele já ta ficando pronta e que eu preciso agir.

"Eu não tenho nada contra o dízimo, cada um faz o que quer com seu dinheiro, tem gente que gasta pra comprar maconha"

Puta merda, eu mereço.
Olhei pra menina que tava fazendo a minha unha e disse com a voz mais doce e com a maior educação: Você tem esmalte cor de rosa?

Ele ficou quieto uns 3 segundos depois de olhar pra minha cara.
Eu não olhei pra cara dele.

Não consegui mandar ele a merda ou fazer uma grosseria qualquer porque era isso que ele esperava de mim.
Aposto que ele não me imaginava educada.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

" E com o sono - dizem - extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita;" HAMLET ATO III, CENA I

Não adianta.
Tem gente que não aprende, tem gente que pediu pra ser filho da puta 100 vezes na fila Divina.
Eu tentei ajudar, to longe da perfeição mas tentei mesmo.
Tem hora que dá pena.
Tem hora que eu não entendo como certas pessoas conseguem dormir.

Uma vez eu encontrei por acaso um amigo que não via a anos na fila do aeroporto embarcando no mesmo vôo da TAP que eu.
Maior sorte.
Voamos um do lado do outro, eu dormi a viagem toda, ele não, e quando acordei ele disse " porra, cê dormiu mesmo... como é bom ter a cabeça tranquila e dormir "
Não que eu ache que ele seja uma pessoa ruim, longe disso, inclusive se eu fosse tão boba como eu era a uns meses atrás acharia ele um Santo, mas senti o peso dessa fala.
Algo deixava ele preocupado, eu acho.
Não que eu estivesse tranquila totalmente porque ia encontrar uma "amiga" mucho loca nas Ilhas Canárias e não tinha a menor idéia do que me esperava lá mas enfim era possível dormir.

Voltando aos filhos da puta,
não sei como dormem,
claro que podem tomar um remedinho mas deve haver algum momento que dói alguma coisa, mesmo que seja a frustração da maldade não realizada.

Espero que sim, que haja esse momento de dor.

Também fodam-se se não sentirem nada. Azar o deles.
Na dor é possível ser melhor e filho da puta é sempre filho da puta. Não sai desse patamar!


E agora me deu até pena de chamar os filho da puta de "filho da puta"
me deu pena das putas que sempre levam a culpa
e das mães verdadeiras desses que são chamados filho da puta

Tem que haver um xingamento mais nojento que expresse esses...
esses...
crápulas?
coisa antiga crápula...
esses escrotos?
muito comum essa palavra
esses o quê meu Deus?

haha Bem feito!
Além dos filho da puta não terem oportunidade de crescer na vida pois não sofrem, não amadurecem e não mudam de patamar, eles também não são classificados...
são desclassificados, uma bando de desclassificados!

Agora fiquei confusa com 2 coisas:
1) Se eu sou uma pessoa que definitivamente é contra a sociedade competitiva onde vale tudo pra chegar na frente, inclusive ser filho da puta, não deveria eu achar uma bobagem essa história de classificação?
2) Por que eu teria pena da verdadeira mãe do filho da puta se eu acredito que tudo (bom ou ruim) no fim das contas é culpa da mãe?

Melhor deixar pra lá pra não perder o sono.

sábado, 26 de setembro de 2009

ISSO NÃO É UMA CARTA PRA UM EX-AMOR NEM PRA UMA FODA LÉSBICA

ACHO QUE ISSO E MUITAS OUTRAS COISAS QUE ESCREVO SÓ FAZEM SENTIDO PRA MIM MESMA
DETESTO ESSE TIPO DE EGOTRIP MAS SE FAZEM NECESSÁRIAS PORQUE TENHO MEMÓRIA CURTA



Senti saudade, não só saudade mas alegria em ter vivido aquilo
Acho que não vai doer mais
Não como antes
Gostei pra caralho de te encontrar
Acho que a gente tava flertando esse encontro desde quarta-feira né?
Eu acho

Nossa, muito bom mesmo
Pareceu terapia de vidas passadas
Agora te amo de novo e deixo tu morrer em paz
(Na verdade acho que vocês não morrem, ficam por aí... no caminhão do lixo, no entulho, no Catete... com certeza permanecem por aqui por dentro)

Eu e tu fizemos uma boa dupla
Empréstimo recíproco de alma
E quero que Dionísio me perdoe por ter te amaldiçoado
Por ter te culpado
E pela minha ingratidão

Lamento ter desistido de ti mas sabemos que tu já não era a mesma
E que aquilo só seria bom de novo se fosse pra ser como foi ou então melhor

Ai, ai....
To suspirando...

Tá vai, deu um nó na garganta
Te achei linda cara
Figuraça
To nem aí pra quem não gostou
O melhor do eu contigo
Eu despedaçada
Eu confusa
Eu bonita
Eu sacana
Eu atenta
Eu viva
Eu morta
E tudo graças a ti
E o reencontro foi tão leve que nem percebi que se dava

Saio do abismo puxada pela mão da próxima
Mas tu é insubstituível
Assim como eu fui pra ti

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

2 por 1 ou AOS PONTOS DE VISTA INVISÍVEIS ou puro truque

- EU TO APAIXONADA POR VOCÊ.
- Você veio se vingar?
- EU QUERO QUE VOCÊ PEGUE AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI.
- Você ta falando sério?
- PRA MIM CHEGA.
- Eu deveria?
- POR QUE VOCÊ VOLTOU?
- Você soube o que aconteceu comigo?
- VOCÊ MENTE CADA VEZ MELHOR.
- Você não consegue esquecer?
- POR QUE VOCÊ NÃO FALA COMIGO?
- Posso?
- EU VIM ME DESPEDIR.
- Os seus olhos são verdes?
- O QUE É QUE TE DISSERAM?
- Você clareou os dentes?
- VOCÊ TA COM RAIVA DE MIM?
- Por que você ta fugindo do assunto?
- NÃO QUERO MAIS TRANSAR COM VOCÊ.
- Como assim?
- DETESTO A TUA RELAÇÃO COM AS COISAS.
- Você veio pedir desculpas?
- VOCÊ ENLOUQUECEU?
- Você quer uma água?
- EU ACHO QUE ELE SE MATOU.
- Devo aceitar?
- EU VIM ME DESPIR.
- Que horas são?
- EU TE TRAÍ.
- Você ta com pressa?
- EU VOU TE ENTREGAR.
- Sabia que eu tenho medo de você?
- ME LEVA COM VOCÊ.
- Que dia é hoje?
- A GENTE NÃO TEM MAIS NADA PRA DIZER.
- Cadê o meu pai?
- HOJE É MEU ANIVERSÁRIO.
- Você sente minha falta?
- EU TENHO MEDO DO QUE VOCÊ É CAPAZ.
- Qual é a sua?
- TO GRÁVIDA.
- Posso segurar a tua mão?

PONTOS DE VISTA.

- EU TO APAIXONADA POR VOCÊ.
- EU QUERO QUE VOCÊ PEGUE AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI.
- PRA MIM CHEGA.
- POR QUE VOCÊ VOLTOU?
- VOCÊ MENTE CADA VEZ MELHOR.
- POR QUE VOCÊ NÃO FALA COMIGO?
- EU VIM ME DESPEDIR.
- O QUE É QUE TE DISSERAM?
- VOCÊ TA COM RAIVA DE MIM?
- NÃO QUERO MAIS TRANSAR COM VOCÊ.
- DETESTO A TUA RELAÇÃO COM AS COISAS.
- VOCÊ ENLOUQUECEU?
- EU ACHO QUE ELE SE MATOU.
- EU VIM ME DESPIR.
- EU TE TRAÍ.
- EU VOU TE ENTREGAR.
- ME LEVA COM VOCÊ.
- A GENTE NÃO TEM MAIS NADA PRA DIZER.
- HOJE É MEU ANIVERSÁRIO.
- EU TENHO MEDO DO QUE VOCÊ É CAPAZ.
- TO GRÁVIDA.



Aos invisíveis

- Você veio se vingar?
- Você ta falando sério?
- Eu deveria?
- Você soube o que aconteceu comigo?
- Você não consegue esquecer?
- Posso?
- Os seus olhos são verdes?
- Você clareou os dentes?
- Por que você ta fugindo do assunto?
- Como assim?
- Você veio pedir desculpas?
- Você quer uma água?
- Devo aceitar?
- Que horas são?
- Você ta com pressa?
- Sabia que eu tenho medo de você?
- Que dia é hoje?
- Cadê o meu pai?
- Você sente minha falta?
- Qual é a sua?
- Posso segurar a tua mão?

ANA

PASSA AS MÃOS NO ROSTO E MORDE A BOCHECHA.
RESPIRA E OLHA PRA BAIXO. BOCA TORTA.
PUXA MUITO A BOCA. A BOCA FICA CADA VEZ MAIS TORTA.
RESPIRA; PUXA OS OMBROS PRA TRÁS. RI MUITO ALTO E JOGA O CORPO PRA FRENTE E PRA TRÁS.
VOLTA A MORDER A BOCA.
CAI RINDO PRA FRENTE.
OLHA PRA CIMA SORRINDO. DE UM LADO PRO OUTRO.
MORDE A BOCHECHA. CAI PRA FRENTE RINDO.
PEDE DESCULPA.
RI E TAPA A BOCA.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PONTOS DE VISTA

- EU TO APAIXONADA POR VOCÊ.
- EU QUERO QUE VOCÊ PEGUE AS SUAS COISAS E SUMA DAQUI.
- PRA MIM CHEGA.
- POR QUE VOCÊ VOLTOU?
- VOCÊ MENTE CADA VEZ MELHOR.
- POR QUE VOCÊ NÃO FALA COMIGO?
- EU VIM ME DESPEDIR.
- O QUE É QUE TE DISSERAM?
- VOCÊ TA COM RAIVA DE MIM?
- NÃO QUERO MAIS TRANSAR COM VOCÊ.
- DETESTO A TUA RELAÇÃO COM AS COISAS.
- VOCÊ ENLOUQUECEU?
- EU ACHO QUE ELE SE MATOU.
- EU VIM ME DESPIR.
- EU TE TRAÍ.
- EU VOU TE ENTREGAR.
- ME LEVA COM VOCÊ.
- A GENTE NÃO TEM MAIS NADA PRA DIZER.
- HOJE É MEU ANIVERSÁRIO.
- EU TENHO MEDO DO QUE VOCÊ É CAPAZ.
- TO GRÁVIDA.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CANSADA

Há 30 anos eu me esforço pra ser interessante.
É muito cansativo.
Quando eu era pequena tinha certeza que a minha vida era um filme, que tinha muita gente assistindo a minha história. Então até pra cagar eu ficava bonitinha pra não desagradar o espectador. Cada coisa que eu vivia, boa ou ruim, tinha que ser muito maior pra dar impacto.
Quando eu tava triste ouvia música triste e quebrava umas coisas a minha volta e quando eu tava feliz não podia contar pra ninguém com medo que algum invejoso roubasse minha felicidade. Muito Cansativo.
Hoje eu sei que não sou nada demais e que não tenho platéia, mas ainda vivo como se a mocinha tivesse que sofrer o filme inteiro e só pudesse ser feliz nos créditos finais.
E essa é só mais uma tentativa de ser interessante.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

MAIS UMA DOSE POR FAVOR
ESTOU VOLTANDO PRA NORMALIDADE
PRA MEDIOCRIDADE QUE SOU EU

QUE ORGULHO POSSO TER DE MIM ASSIM?
OK
OK
ACHEI QUE ERA MAIS INTERESSANTE SER DO OUTRO JEITO

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O TAL VÍDEO

Pra aqueles que como eu não tem uma internet tão rápida e não tem saco de esperar que um vídeo carregue pra poder assistir, eu explico: o video abaixo é da Regina Shakti, dona de um centro de Yoga ensinando um mantra pra tirar a barriga.

o mantra é "sai desse corpo que não te pertence"

ela garante que dá certo e justifica: se tira espírito porque não vai tirar barriga.

puta merda

eu mereço

COMO UMA BOA MENINA

Ela passou o fim de semana como uma pessoa normal.
Na sexta depois do trabalho voltou pra casa. “Claro, tava chovendo”, eles podem pensar, ok, estava chovendo mas e daí?
Então ela bebeu moderadamente em casa, sem exposições.
Foi dormir depois que terminou o Programa do Jô, viu a entrevista de um cenógrafo que faz cenários com coisas usadas, encontradas no lixo, no brechó ou doações. Lembrou da sua vontade de ser Artista Plástica. E antes disso ficou triste e preocupada com o analfabetismo no país.
No sábado acordou resfriada, tossindo, morrendo de dor de cabeça.
Foi trabalhar e chegou atrasada, estava mais interessada na festa de aniversário que tinha depois.
Se comportou bem na festa. Levou uma garrafa térmica de chá de gengibre, cravo, pimenta rosa e anis estrelado. E disfarçadamente calibrava a caneca de chá com cachaça. “Nossa, delícia de invenção”, ela pensava.
A festa foi se transformando de acordo com o grau etílico. Ali, entre os convidados 10 anos mais velhos que ela, pôde ver no que se transformaria se não resolvesse se cuidar a partir de segunda-feira.
A doida Magrela, por exemplo, insistia em chama-la de Julia e toda vez que ela avisava que não se chamava Julia, ela dizia “Mas deveria”. Depois a doida Magrela resolveu chama-la de Júpiter, “Ah, beleza, Júpiter é o planeta do meu signo”, “Viu! Eu sabia que você deveria se chamar Julia, porque Julia é Júpiter e Junho é Juno e Netuno é Peixes e Zeus é Júpiter. Zeus é Júpiter?” E perguntou pra dona da casa “Posso ligar a internet? Preciso descobrir se Zeus é Júpiter...”

E ela ali, observando no que se transformaria.
Nessa altura, o chá já tinha terminado e ela preparou um suco de maracujá e água de côco com as mesmas doses disfarçadas.
Viu a amiga da dona da festa ligando e convidando outra amiga, o casal discutindo a mania do outro de comer em cima da cama, o cineasta reclamando que o Cauã Reymond não tem agenda pra filmar, a menina linda reclamando das espinhas no rosto, o marido da aniversariante querendo que a festa terminasse logo, a outra disfarçada colocando o pedaço do bolo no cinzeiro.

A Magrela conseguiu irritar uma outra convidada de tanto insistir pra ela dançar, a garota ficou tão puta que pegou a bolsa e foi embora deixando a Magrela triste comendo cenoura com mel num canto e resmungando que era Ano Novo Judaico e que deveríamos comemorar porque éramos todos judeus.

Sim, ela estava meio doida mas totalmente comportada. Conseguia observar tudo com absoluta sanidade.
E na hora de se despedir, a Magrela pediu desculpas, “Desculpa, eu não entendo nada de nomes, foi tudo um delírio.... (pausa) Ou não”.

No domingo almoçou com a família, brincou com as crianças, procurou apartamento pra alugar e teve uma notícia tão boa no fim do dia que lembrando dos maus bocados que tem passado pensou “foi tudo um delírio....................................................... ou não?”

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Não consigo colocar videos nessa merda!
só o link.
então tá.

http://tvuol.uol.com.br/#view/id=tecnica-milenar-para-acabar-com-gordurinhas-04023260C4891366/user=3fouas5m9fea/date=2009-08-26&&list/type=tags/tags=2738/edFilter=all/

é muito absurdo!!!

EU MEREÇO

SEMPRE FUI CAGONA

Além da depressão adquirida, adquiri tb medo de confiar nas pessoas.
Fiz uma amiga nova e como de costume já acostumei a contar todos os meus dramas passados e presentes pra ela.
E ela diz: “ah, eu adoro as tuas histórias”
É porque eu conto as coisas rindo de mim mesma porque porra, convenhamos, não rola encher o saco das pessoas com as tuas dores. Quem sofre, tem que rir de si ou ficar em casa chorando no escuro sozinha, no máximo com a mãe.
Com a mãe tb é foda porque ela sempre diz que te avisou.
Bom , é isso, to morrendo de medo de gente.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Esse lance de humildade me deixou em dúvida.
A humildade não seria uma arrogância disfarçada?
Agora quando me elogiarem eu vou dizer “obrigada”.

Já me disseram que “obrigada(o)” é uma abreviação de “Estou obrigada(o) a retribuir você”. Péssimo isso.
Conheço uma figura que sempre diz “grata”. Péssimo também, soa antiquado.
E tem uma riponga seguidora do Osho aqui do meu bairro que qualquer coisa que você diga ela responde “gratidão, gratidão”. Outro dia, juro, um amigo em comum falou “Âmala, você ainda ta me devendo aqueles 50 que te emprestei, e agora eu to precisando” e ela “Poxa, gratidão, gratidão” e saiu de fininho.

E hoje eu tava dirigindo e tava bem perto de entrar no túnel.
Daí começou a tocar uma música bem antiga do Paralamas e não é que eu ame Paralamas mas fiquei afim de ouvir a música que tava tocando no rádio mas se eu entrasse no túnel a rádio ia sair da estação e eu não ia conseguir ouvir a música do Paralamas então eu aproveitei a placa escrito “PARE” da rotatória e ouvi a música até o fim. Confesso que me diverti com o bando de gente que ficou me xingando e desviando de mim.

Foi o auge da alegria. Pura gratidão.

AOS INVISÍVEIS

- Você veio se vingar?
- Você ta falando sério?
- Eu deveria?
- Você soube o que aconteceu comigo?
- Você não consegue esquecer?
- Posso?
- Os seus olhos são verdes?
- Você clareou os dentes?
- Por que você ta fugindo do assunto?
- Como assim?
- Você veio pedir desculpas?
- Você quer uma água?
- Devo aceitar?
- Que horas são?
- Você ta com pressa?
- Sabia que eu tenho medo de você?
- Que dia é hoje?
- Cadê o meu pai?
- Você sente minha falta?
- Qual é a sua?
- Posso segurar a tua mão?

? Que merda

Olha o dilema.
Eu fico escrevendo pra me ajudar.
A médica aconselhou.
Eu gosto de blog, eu gosto da idéia de compartilhar o que se pensa livremente e com um certo anonimato.
Mas daí eu ficava deprimida de ver o contador de visitas tão baixo e coloquei o link no orkut e no facebook.
E agora to morrendo de vergonha de saber que certas pessoas que me acham tão legal podem ler o que escrevo e mudarem a opinião sobre mim.
Podem descobrir o quanto sou podre.
Esse dilema anula o trato que fiz comigo de parar de tentar agradar?
Esse dilema me mostra que não to tão louca nem tão doente?
Eu ainda tenho noção de mim e do outro, eu acho.
O lado bom da loucura é saber que tudo que eu pensava pode ser questionado. Aliás nada tem garantia. Nada mais é certeza. Nada.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amanhã vou encontrar um amigo.
Ele é um dos poucos que sabe mais ou menos o que aconteceu comigo. Não dá pra eu fingir pra ele porque ele viu o começo de tudo. Ele me deu banho quando eu chorava com a calcinha arriada até a metade das pernas agachada no banheiro. Ele lavou a minha roupa toda suja de café. Ele me secou. Ele me abraçou. Ele perguntou se eu tava melhor no dia seguinte.
Antes disso ele dançou funk comigo. Ele soltou as pererecas comigo. Ele falou com sotaque paulista comigo.
Só de ouvir a voz dele eu tenho vontade de rir.
Ele viu o início da loucura e me devolveu a lucidez 4 meses depois quando me deu um tapa na cara.
Eu sei que o tapa não era pra mim, mas, de certa forma, eu mereci aquele tapa. Pra deixar de ser besta.

Nessa cidade eu fiz poucos amigos.
Eu conheço tanta gente e fiz poucos amigos.
Talvez eu também seja uma pessoa escorregadia.
Talvez o exercício da simpatia malandra também tenha me contagiado.
Eu to fazendo um trato comigo mesma de parar com isso.
De parar.
De sorrir só quando eu tiver vontade.

Eu tinha uma amiga de colégio que era muito diferente de mim mas a gente era amiga, amiga mesmo.
Eu sempre gostei muito dela daí a gente teve uma briga nem lembro por que e ela já adulta foi morar na Itália.
Quando ela voltou pro Brasil ela me procurou dizendo que queria ser atriz.
Eu tinha vontade de gargalhar na cara dela mas eu segurei a gargalhada e sorri dizendo “que legal, mas por que?”
Dois dias depois ela disse que não ia dar pra ser atriz porque
era muito caro fazer curso de televisão.

Outro dia uma garçonete que eu conheço falou pra mim “ai agora to num momento atriz” e na semana passada um amigo empresário que encontrei disse "virei ator".
Ta bem fácil assim. Qualquer um pode. E além disso o salário no teatro quando existe é uma merda, o cinema prefere não-atores e
a televisão só contrata modelo e gente ruim.


Comecei falando de amizade e acabei me queixando.
Tenho poucos amigos que não são artistas.
Talvez por isso.

É tão difícil continuar aqui nessa cidade.
Quando eu tiver coragem de desistir eu vou querer ir embora.

E quando eu desistir eu vou ter que achar um jeito de ser diferente de mim.

E quando eu desistir eu vou rezar pra que alguém chegue na cidade onde eu tiver me escondendo procurando por mim porque eu sou perfeita pra ser protagonista de um filme.
E tudo voltará a ser como era. E eu poderei de novo mergulhar em mim.
Poxa...
O cara do Ghost morreu...
Pina Bausch, Michael Jackson, Miguel Magno e agora o cara do Ghost...
Patrick Swayze...
Tão lindo ele...
Perdi as contas de quantas vezes dancei em frente a TV a coreografia do Dirty Dancing contigo...
Eu tinha a fita em VHS, sem legenda de quando comprei na viagem pra Disney...
Hoje recebi um elogio sobre o meu alto-astral.
O cara do meu trabalho falou: “To tendo um feedeback ótimo sobre você, o pessoal falou do seu alto-astral.”
Na hora pensei: “caralho, eu finjo bem mesmo”, se esse cara soubesse de como eu finjo sendo simpática e sorridente só pra tentar me salvar dessa merda de depressão adquirida por remédio de emagrecer, se ele soubesse como cansa esse esforço de parecer feliz.
Foda-se, sei lá o que ia acontecer se ele soubesse, o fato é que ele não sabe nada disso e que eu tenho dificuldade em receber elogio e pronto.
É como se todo o meu esforço pela humildade fosse em vão quando alguém me elogia. É lógico que tudo que eu faço eu faço bem feito porra. Pra quê que eu ia perder o meu tempo fazendo mal alguma coisa?
Então era assim que eu pensava: não quero elogios, quero mais trabalho.
Eu acho que pensaria assim até hoje se eu tivesse condições de pensar em alguma coisa.
O bom de ta maluca ou deprimida ou sei lá o quê é a liberdade.
Não to nem aí pro que vão pensar de mim. Foda-se.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

DIAS PIORES

Eu não consigo entender o que acontece com ela.
Tava tudo bem, a gente tava saindo pra almoçar e eu comentei com ela que não queria vender o apartamento que eu prefiro alugar pra alguém conhecido pra poder deixar algumas coisas aqui. Bastou pra ela virar uma louca gritando.
Primeiro ela grita, e grita bem alto que eu sou maconheiro, desatento e bebezão.
Depois ela tem um ataque de fúria e fica me mandando calar a boca.
Eu fico sem entender como é que um comentário causa tanto desespero.
Agora ela soca os travesseiros.
Eu fico tentando acalmar mas tudo que eu digo piora.
Agora ela saiu.
Sem celular.


Meu Deus do céu! Socorro Deus! Me ajuda!
Eu não sei o que ta acontecendo comigo, eu virei um monstro meu Deus!
To destruindo a única coisa redentora.
Por que meu Deus?
Bati a porta.
To sozinha dentro do carro estacionado em frente a minha própria casa.
Era isso que eu queria, paz, silêncio, solidão.
Eu não tenho pra onde ir.
To horrorosa de tanto chorar.
Eu não tenho pra onde ir.
Então eu vou ficar aqui dentro do carro parado com o ar ligado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 DE SETEMBRO

Só agora me dei conta de como eu tenho dificuldade de lidar com as coisas que eu não vivi. É uma maluquice mas parece que elas não existiram.
É realmente absurdo e eu morro de vergonha de admitir que quase não acredito que certas coisas acontecem.
Gostaria de uma explicação pra esse fenômeno.
Por que certas coisas horrorosas parecem não existir na cabecinha de uma criatura sobrevivente do séc XXI?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

LIMITES

Que coisas são equivalentes ao choro?
Não sei.
O choro está sempre ligado à morte?
Sim, à morte simbólica.
Quando eu choro os meus olhos ardem.
Quando eu choro eu olho pra cima em busca de salvação.

Quando eu faço xixi eu me sinto mais magra.
Quando eu bebo água eu me sinto pura.

O que escapa do meu corpo são gritos.
Ou euforia.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DIAS

Ela levantou antes que eu mais uma vez. Fui dormir tarde de novo. Não tão tarde quanto anteontem mas não era cedo.

Escutei os barulhos dela na cozinha, a chaleira se enchendo de água, o fogão sendo aceso e a batida do metal da bunda da chaleira na boca do fogão.

Todas as manhãs ela sai da cama, esquenta água para o capuccino semi-pronto e senta na única poltrona da sala que fica em frente à janela.

Tentei voltar a dormir, joguei os travesseiros para o lado dela na cama e fechei os olhos.







Acordei sem saber que horas eram. Há dias eu acordo assim sem noção do tempo, sem saber se são 7, 11 ou 2 da tarde. Durante dois anos eu acordei todas as noites exatamente às 3 e meia da manhã, todas as noites durante dois anos. Impressionante. Acordava e ligava a televisão. Só voltava a dormir pelas 5 da manhã.

A água ferveu, vou tomar um capuccino e olhar pra rua.

- Que merda!

Absolutamente não sei o que vai ser de mim durante o dia de hoje. Aliás não sei o que será de mim daqui pra frente. Estou no momento clichê, sonhos derrubados, vontades confusas e inércia. E ele dormindo.

sábado, 5 de setembro de 2009

CAPÍTULO 3

- Pode. Um Red Label por favor.
- Deixa eu vê se eu tenho dinheiro.
Caralho, vc vai me deixar dura mas tudo bem.
- Você vai me deixar duro mas tudo bem.
- Quê?
- Nada.

(SILÊNCIO)

- Eu to deprimida.
- É a doença contemporânea, tá em alta.
- Eu sei. Quer dizer... eu sei, eu sei que é. Que é patético.

(SILÊNCIO)

- Você tá decorando esse diálogo?
- Oi?
- Decora esse diálogo pra você escrever depois.
- Ah... Pode deixar.
- Você acha que eu brincando?
- Não, imagina.
- E se eu disser que eu conheço o teu codinome na internet Sr. Black Out?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Todas as estradas são iguais.
Qualquer estrada leva e trás de algum lugar.
Todas têm caminhões, sinalização (eficiente ou não), marcas de pneu, buracos, acidentes, cachorros atropelados, paisagens feias, paisagens bonitas, polícia rodoviária, atalhos, possibilidade de engarrafamento, enfim. É tudo igual.
Isso é que me faz duvidar de que o melhor é o caminho que se faz e não onde se chega.

Eu tenho medo de tudo.
De beber demais e ficar patética.
De beber de menos e ficar careta.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Retrato – do banheiro

Eu tinha 9 anos. Estava na sala de aula e fui ao banheiro mijar.
Quando baixei as calças eu tinha ficado menstruada. Era a minha primeira vez. E como não tinha muita noção do que era aquele escuro manchando a minha calça jeans,
fiz um bolo de papel higiênico e coloquei na calcinha.
De repente entrou no banheiro uma colega de classe. Ela era daquelas repetentes que disputavam comigo o meu amado na reunião dançante.
Ela me olhou enquanto eu estava apavorada lavando as mãos e disse olhando pro espelho:

- Pra ter uma pele boa e sem espinhas, eu lavo o rosto todos os dias com água fria.

E foi embora com cara debochada.
Voltei pra sala de aula com o moleton amarrado na cintura, queria esconder a fralda de papel higiênico e a mancha de sangue. Morri de frio o resto da tarde e não contei nada pra ninguém.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

JOGO DE PETECA

Simples.
Com deslocamento.
Com contagem.
Com uma pessoa lendo Fernando Pessoa, que “poderia ser qualquer pessoa mas é Fernando”.

Fico ao lado dela no jogo mas ela é fominha com a peteca então fujo do lado dela quando é permitido o tal deslocamento.
Engraçado perceber o quanto a pessoa se desloca em função da peteca, que “poderia ser qualquer coisa mas é peteca”.
Morro de medo da peteca, como morria de medo de bolas quando era criança.

“e todo som produzido é, na verdade, continuação do som já existente... não existe silêncio...”

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sem título

Somos muito felizes.
Temos duas camas de casal King Size no quarto. Uma ao lado da outra, ambas de frente pro telão do Home Theater.
Mas, em frente a minha cama, bem junto aos pés dela, eu tenho uma mesinha de madeira escura com uma TV de 29” só pra mim.
E um fone de ouvido de ótima qualidade.

Poderá o amor resistir a uma incompatibilidade intelectual?

DEVAN(s)EIOS

Vendo meus seios, um é muito diferente do outro.

Vendo meus seios disformes, porém resistentes.
Disformes como o Dois Irmãos.

Um muito pra cima, outro muito pra baixo.
Chupados, lambidos, acariciados, mordidos e beliscados.
Um caído, outro durinho.
Duros bicos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CAPÍTULO 2

- Desculpa. Eu não to te entendendo.
- Ah não? Serei mais clara: Escreve um texto pra mim. Pra eu encenar.
- Ah... entendi.... Você é atriz?
- Atriz teza. A tristeza. Piada escrota.

(SILÊNCIO)

- Tá tudo bem com você?
- Caralho! Não deu pra entender ainda?

(SILÊNCIO)

- O que é que você acha? Você acha que eu to bem? Eu pareço bem?
- Olha mocinha, me desculpa mas eu não te conheço e não tenho a menor intenção de lidar com gente mal-educada como você. Com licença.

- Não! Pelo amor de Deus, desculpa. Não me deixa sozinha aqui.
- Solta meu braço por favor!
- Desculpa! Desculpa. Por favor.
Senta aqui.
Posso te oferecer um drink?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ESTRANHO MUNDO

"... Um dia subi no pombal e ao chacoalhar os ovos dois deles quebraram e de dentro saíram duas pombas monstruosas e deformadas e talvez pensando que eu fosse a mãe viraram na minha direção e abriram os bicos famintos e faziam um som estridente e agudo como se fosse um grito e depois um filhote comeu o outro..."

(trecho do conto O Marquês do Pombal de Thiago Picchi)

ENSAIO DE QUINTA

Descobri minha profissão: ficar parada.

Hoje trabalhei muito sozinha.



Cheguei atrasada. Quase de propósito. Quase.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ENSAIO DE SEGUNDA

Minha deformação.
Vendo a minha deformação.
Sou toda.
A deformidade dos meus pensamentos.
Dos meus peitos.
A deformidade das relações superficiais.
Quero ser fútil.
Nada mais.
Eu não combino mais comigo. Quero me vender toda.
Não sei o preço. É impagável.
Apagável.
Por isso me entrego. Me dou e me corrôo. Me fôdo.
Me vendo por pouco. Me dou.
Porque preciso. Porque posso.

Não posso mais. No puedo más. Deixa-me. Parte.
Parte de mim. Quanto vale um pedaço de dor? De cor? De cór? Decoro. O coro. O chôro.
Choro.
No puedo más. No puedo más. Deixa-me imploro. O cloro. H2o. Vertigem. Afogo. Me afogo no fogo. O meu próprio. No puedo más. Deixa-me. Imploro. Vertigem. Enjôo. Minha digestão não é boa. Enjôo. Tenho gases. Peido. Não arroto. No puedo más. Meus seios disformes. Um pra cima, outro pra baixo. Tenho vergonha. Deixa-me. Não mais posso. Sinto muito prazer com meus seios disformes. Muito prazer. O prazer é meu. Tenho prazer quando quero. O prazer é meu. Me vendo toda. A dança dos sujos. Tenho alergia. Me afogo. Sou fogo. Fogo. Fogo. Fogo. Fogo. Fogo. Fogo. Apaga. Paga. Paga quanto? Quanto paga? Eu pago. Apago. Não tem preço. Não vendo. Ninguém pagou. Apagou. Meu fogo.

O autor

- Escreve um texto pra mim.
- Oi?
- Ah, sei lá... Escreve aí um texto pra mim.

(SILÊNCIO)

- Qualquer coisa.

(SILÊNCIO)

- Põe aí: “Ela era um talento. Fazia com vigor e sem exageros. Era viva e verdadeira.”
- Hum-hum.
- “Ela” sou eu tá?
- Hum-hum.
- Agora continua.

Precisa?

Gosto de Caio Fernando Abreu, Fernanda Young (desculpa), Manuel Bandeira, Nick Hornby, Nora Roberts, Sam Shepard, Nelson Rodrigues, Jorge Silva Melo, Clarice Lispector, Enrique Diaz, Zé Celso, Antunes Filho, Billy Holiday, Nina Simone, Frida Kahlo, Pedro Almodóvar, Caetano Veloso, Durval Discos, Bernardo Bertolucci, Cazuza e mais um monte de coisas e gente.

Não sei se gosto de fazer esse tipo de lista de "gosto" e "não gosto". Esse tipo de lista que a gente meio que se define pelas influências... Principalmente porque sou facilmente influenciada e porque nem sempre fui uma boa influência. Então comecei e lista e parei.

Eu gosto de ler listas dos outros.

O banho da mendiga

O banho da mendiga
O banho da mendiga foi um êxtase, um gozo de riso e choro. Uma axila masturbada por um dedo como se fosse uma buceta.
Uma mendiga banguela e bêbada com seu suposto mendigo companheiro.

O banho da mendiga


A dança dos sujos.. dos que nunca tomam banho... molhados dançam uma valsa..

Depois a vergonha de se ver nua esfrega seu corpo de baixo pra cima a fim de se secar, até transformar esse movimento em castigo, bate em si mesma... desesperada...

Morrendo de vergonha, morrendo de fome, morrendo de ressaca, morrendo de sede, morrendo de medo, morrendo de vergonha, morrendo de raiva, morrendo de ciúme, morrendo de saudade, morrendo de vergonha, morrendo de frio, morrendo de calor, morrendo de desejo, morrendo de raiva...

Vivendo de vergonha, vivendo de sede, vivendo de fome, vivendo de ressaca, vivendo de sujeira, vivendo de vergonha, vivendo de raiva, vivendo de culpa, vivendo de desejo, vivendo de prazer, vivendo de tesão, vivendo de ilusão....

A mendiga chora sua dor, afoga seu pranto,
Afoga seu pranto
Afoga seu pranto
Afoga seu pranto

Afoga-se
Vive-se
Vive-se como pode
Como pôde

O balé dos imundos
Sem reflexos

Algum veneno anti-monotonia
Anti-monogamia
Algum

Meus inimigos! Um brinde!
Eu sou forte

A mendiga tira sua roupa
Torce
Torce como se fosse um pescoço alheio
Depois sacode, chicoteia, sacode

E finalmente assopra
Como o vento
Como se capaz
Simplesmente assopra... brisa
Brisa leve....

E respira fundo.