segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O banho da mendiga

O banho da mendiga
O banho da mendiga foi um êxtase, um gozo de riso e choro. Uma axila masturbada por um dedo como se fosse uma buceta.
Uma mendiga banguela e bêbada com seu suposto mendigo companheiro.

O banho da mendiga


A dança dos sujos.. dos que nunca tomam banho... molhados dançam uma valsa..

Depois a vergonha de se ver nua esfrega seu corpo de baixo pra cima a fim de se secar, até transformar esse movimento em castigo, bate em si mesma... desesperada...

Morrendo de vergonha, morrendo de fome, morrendo de ressaca, morrendo de sede, morrendo de medo, morrendo de vergonha, morrendo de raiva, morrendo de ciúme, morrendo de saudade, morrendo de vergonha, morrendo de frio, morrendo de calor, morrendo de desejo, morrendo de raiva...

Vivendo de vergonha, vivendo de sede, vivendo de fome, vivendo de ressaca, vivendo de sujeira, vivendo de vergonha, vivendo de raiva, vivendo de culpa, vivendo de desejo, vivendo de prazer, vivendo de tesão, vivendo de ilusão....

A mendiga chora sua dor, afoga seu pranto,
Afoga seu pranto
Afoga seu pranto
Afoga seu pranto

Afoga-se
Vive-se
Vive-se como pode
Como pôde

O balé dos imundos
Sem reflexos

Algum veneno anti-monotonia
Anti-monogamia
Algum

Meus inimigos! Um brinde!
Eu sou forte

A mendiga tira sua roupa
Torce
Torce como se fosse um pescoço alheio
Depois sacode, chicoteia, sacode

E finalmente assopra
Como o vento
Como se capaz
Simplesmente assopra... brisa
Brisa leve....

E respira fundo.

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