quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ontem fui no aeroporto esperar a Mano chegar de Londres.
Não há palavras que confortem quando a mãe morre.
É a primeira vez que acontece da mãe de uma amiga falecer. Isso confirma o avanço da idade. Já não somos crianças.
No domingo estive com uma amiga grávida de 9 meses, toda aquela beleza de ser mãe ali latente e ontem a dor de ser filho.
Não consigo imaginar a minha vida sem a minha mãe, quando os cabelos dela começaram a ficar brancos eu chorei. Obriguei ela a pintar o cabelo, não admiti aquilo.
A minha mãe separou do meu pai quando eu tinha 2 anos, ela não suportava mais ele tocar "Leãozinho" no violão. Houveram algumas traições entre eles também, acho que da parte dos dois até, então ela virou a maior baladeira de Porto Alegre. Ela saía a noite pra dançar e eu muito pequena dormia em casa sozinha na cama dela esperando ela voltar. Vi ela voltar com vários caras diferentes, teve vários namorados que eram casados, várias vezes escutei os gemidos dela atrás da porta. Teve uma noite que chamei minha amiguinha pra dormir lá em casa e escutar também daí a gente saía correndo pelo corredor e enfiava a cabeça no travesseiro pra dar risada.
Foi nessa época que comecei a fazer contato com E.T.S. Juro. Tive várias experiências loucas em Porto e depois em São Paulo na casa dos meus primos.
A gente ouvia ruídos e via objetos estranhos no céu.
Passei muitas noites lendo o Atlas Geográfico pra entender de planetas.
A minha mãe sempre trabalhou fora então eu tinha a Dê que tomou conta de mim desde que eu tinha 1 aninho de idade. Minha mãe de criação. Minha mãe preta. Hoje ela toma conta da minha mãe. 30 anos do nosso lado.
Não dá pra imaginar a vida sem a minha mãe.
Vendo a Mano ontem me dei conta que não dá pra perder tempo com mesquinharia de sentimentos.
Na verdade não dá pra perder tempo com nada.
Passa tudo muito depressa. Num piscar de olhos vc nem existe mais.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fiz 31.
Mais pesado que fazer 30.
Há alguns anos eu anoto quem se lembra de me ligar e dar parabéns. Esse ano foram 3 casais de amigos (6 pessoas), + 5 amigos + 1 amiga que eu mesma liguei pra avisar + 7 pessoas da minha família (pai, mãe, avó, etc...) e vou considerar 1 amiga que ligou atrasada um dia depois. Ou seja 20 pessoas. E recebi 2 emails de 2 grandes amigos Monique e Pablo. 22 pessoas então. Legal. 22 pessoas lembraram do dia 22 de novembro.
Eu sempre resolvo comemorar de última hora. Nunca quero fazer nada daí as pessoas ligam eu fico mais felizinha e acabo encontrando algumas pra dar uma abraço. No ano passado ganhei uma festa surpresa linda com minhas amigas de São Paulo vindo pra festejar! Esse ano foi esquisito. Tive uma crise de choro. E pior, passei o dia do meu aniversário preocupada com minha querida amiga Mano. Ela foi morar em Londres e a mãe faleceu aqui no Brasil. Terrível. A dor mais profunda. A falta da mãe.
Ela chega no Brasil de volta hoje.

Não consigo encontrar muito sentido em certos acontecimentos...
Me falta humildade pra aceitar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O desejo é foda mesmo...
O post de baixo bateu recorde de comentários...

Mudando de assunto,
tem gente que é muito mais agradável a noite e alterado pelo álcool...
encontrei uma menina, que acho muito querida até, numa balada e ela estava ótima, amável, sorridente, parceira, animada...
encontrei a figura ontem e ela estava blase, contida e pra poucos amigos..
ah.. me poupe..
tudo bem, ela poderia estar com algum problema no momento ou sei lá o quê, mas então que permaneça bêbada.
em certos casos não tenho saco pra superficialidade...
depois que vc enfia o pé na jaca com alguém não é de bom tom fingir distância..
é patético! vc viu a criatura acabada e agora não adianta fazer pose pq somos todos podres por dentro.

Tem isso que nos iguala.
A podridão. As tripas. As dores. Os desejos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NA SOLIDÃO DOS CAMPOS DE ALGODÃO

É o desejo que segura as relações.
Não consigo mais duvidar disso.
Falo de qualquer tipo de relação. De qualquer tipo de desejo.

Fui assistir Na solidão dos campos de algodão com o Gustavo Vaz e o Armando Babaioff aqui no Rio.
Não sei se eu to sensível demais, questionadora demais, aberta demais, mas achei foda o trabalho dos meninos.
Tem algo muito profundo e verdadeiro ali.
Não sei se é desejo deles que transborda em estar realizando o projeto, se é o meu desejo de gostar do que vê, se é o meu desejo em fazer uma peça com um texto bom... não sei.. não sei... sou o Cliente, não o Dealer.

Não paro de pensar em desejo.

A peça trata disso.

O que você deseja?
Responde aí você que tá lendo aqui: Qual é o teu desejo?
Consegue dar nome ou forma pra ele?

Muito bem, eu não consigo.
Quer dizer, claro que tem coisas que eu desejo, sonho e tal, mas tem sempre um desejo que não se realiza porque não sei o que é.

“Eu não estou aqui para dar prazer, mas para preencher o abismo do desejo, recordar o desejo, obrigar o desejo a ter um nome, arrastá-lo até o chão, dar-lhe uma forma e um peso, com a crueldade obrigatória que existe em dar uma forma e um peso ao desejo.”

Eu quero falar um pouco de atuação.
Porra, atuar é complexo pra caralho.
Claro que tem dias que eu sou a maior truquenta em cena. E claro que eu vejo muito ator dando truque por aí.
Mas quando a gente se dispõe a fazer de verdade, é muito complexo... mistura tudo... vc com o que diz em cena, vc com o que pensa da vida, com o que pensa do cara que tá em cena contigo, ator com personagem, relação de ator/ator com a relação das personagens, o seu humor no dia, vc com o público, com o diretor, com o momento presente, com a sua verdade, com a emoção... caralho... é tanta coisa.. e apesar disso é simples tb. É mágico e sobretudo LIBERTADOR. É a experiência mais libertadora na minha pacata vidinha. Melhor que sexo, que eu já fingi gostar mais que fingi atuar e melhor que cachaça, que a ressaca não dá vômito e vc tem a chance de fazer melhor no outro dia.
A coisa de dar truque acontece mesmo. Tem dias que eu to cansada, sem dormir, ou sem poder mexer nas coisas de dentro. Daí dou um truque mesmo. Horrível mas é assim.

Os meninos mandam muito bem na peça.


"[...] que eu não te digo o que possuo e te ofereço, pois não quero ter de suportar uma recusa [...]. E que venham me dizer: digamos que alguém tenha um desejo, que o confesse, e que você não tenha nada para satisfazê-lo?"

Voltando ao desejo...
O que é que vc deseja?
Cuidado com o que deseja.
Você pode conseguir o que deseja.

Cara, que texto esse do Koltès. Puta que pariu.

Eu to citando várias frases por aqui.
Porque é tão bom, tão bom que é inevitável.

Não é uma peça fácil de montar.
É preciso estar atento ao texto pra ouvir pérolas do tipo "a amizade é mais pão-dura que a traição"


"Se você fugisse eu te seguiria; se você caísse com os meus golpes, eu ficaria perto de você para o seu despertar; e se você decidisse não acordar, eu ficaria ao seu lado, no seu sono, no seu inconsciente, além.”

Na verdade o Cliente não diz o que deseja e o Dealer não diz o que tem para oferecer. O Dealer tem certeza que o Cliente quer alguma coisa mas não oferece o que tem por que não suportaria a recusa da oferta. Ele é o que diz "Sim, eu tenho. Sim, eu terei. Sim, não tenho aqui mas consigo pra vc."

“Se você anda na rua, a esta hora e neste lugar, é que você deseja alguma coisa que você não tem.”

Sim, eu ando na rua procurando satisfazer meus desejos que nem sempre sei o que são.

“Acontece que, da mesma forma que eu sei – sem explicar mas com uma certeza absoluta – que a terra sobre a qual nós estamos colocados você e eu e os outros está ela mesma colocada em equilíbrio sobre o chifre de um touro e mantida nesta posição pela mão da providência, da mesma forma eu me esforço, sem realmente saber por que mas sem hesitação, em ficar no limite do que é conveniente, evitando o inconveniente como uma criança deve evitar se pendurar na beira do telhado antes mesmo de compreender a lei da queda dos corpos.”

“Assim você afirma que o mundo sobre o qual nós estamos, você e eu, é mantido na ponta do chifre de um touro pela mão de uma providência; acontece que eu sei, eu, que ele flutua, colocado sobre as costas de três baleias; que não há providência nem equilíbrio, mas o capricho de três monstros idiotas. Nossos mundos não são então os mesmos, e nossa estranheza está misturada às nossas naturezas como a uva no vinho.”


Então é assim.
As relações são puro desejo.
De sexo, de poder, de satisfação.
Quase sempre de poder.
Quase sempre de poder.
Até no amor.

E o que a gente deseja da vida?
Na filosofia da Yoga o desejo é o grande gerador do sofrimento.
Já acreditei nisso. A ponto de simplesmente não desejar nada. Ficar deixando rolar... sem desejo, sem frustração...
Mas e aí?
Sem desejo tem algo que pulse?
O desejo de uma boa foda.
De uma dose.
De dar um berro bem alto.
De tomar banho de mar.
De fazer os outros te entenderem.

Sem isso o que que sobra?
E se alguém aparecesse na minha frente garantindo que pode dar forma ao meu desejo?
E se eu desejar algo julgando que é o melhor pra mim e não for?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SEM NOÇÃO

Muito ruim o post de baixo. Só não apago pq não tenho intenção de ser escritora nem nada. Minha leitora frequente é minha amiga Carmen. Ela sim escreve. Tem textos publicados. Carminha, acho bom tu ler aqui pq as vezes a gente fica sem se falar e só assim tu pode acompanhar o quanto estou maluca ou sã.

Esse post aí de baixo, por exemplo, eu ia falar de outras coisas, um pensamento que tava na minha cabeça e que foi interrompido por causa do trabalho. Só tenho internet aqui no trabalho agora. Daí tudo perdeu o sentido pq hoje eu já nem lembro aonde ia chegar esse devaneio todo aí de baixo. Só lembro que chegou uma garota antipática que me interrompeu.

Eu adorei o apagão.
Desejei que não voltasse a luz. Assim terminaria o império da televisão.
Ninguém mais ia poder assistir novela.

Que bobagem.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

eu aspiro quando inspiro

Assisti 2 filmes hj, A CONCEPÇÂO, brasileiro que eu já tinha visto uns pedaços e IDENTIDADE ROUBADA de Israel.
Os 2 falam da crise de identidade de maneira bem diferentes.
Dizem que eu sofro desse mal, mas será que alguém se vê de verdade?
Quando eu me olho no espelho eu vejo tudo que eu não sou aparentemente, eu vejo o que ninguém vê de mim. Parece que eu sou pequena demais pras coisas que carrego dentro. As pessoas frequentemente me acham saudável (claro! não faço questão que me vejam na merda! quando estou mal mesmo eu nem saio da cama quem dirá de casa) e eu acho engraçado isso. Normalmente a gente pensa tudo errado do outro.
Eu tava fazendo uma peça que terminou no domingo e a primeira fala do espetáculo era assim: "Só encontrará a sua vida aquele que a perdeu"
Meio budista a frase mas meio anarquica tb.
Eu tenho estado ok pq to realmente cagando pros outros. Cagando mesmo! Pela primeira vez na vida.
Tá tudo certo como tá. Não tenho nada pra explicar pra ninguém. E me preservo das más companhias.
As más companhias pra mim não são os doidões que me acompanham, são os vampiros que me sugam. Pra eles eu não dou o meu sangue mais.

Mas voltando ao espelho, se tem coisa que me deixa viajando é ficar me olhando no espelho. Cara, eu sou muito diferente por fora. É impressionante!
Tem dias que o que tá fora me ajuda nas coisas cotidianas mas me atrapalha muito o dentro eu acho.
Eu tinha que ser mais alta. Mais séria.
Não sei como eu, desse tamanho, carrego tanta coisa. Onde essas coisas cabem? Que corpo é esse meu Deus que guarda tudo?

No CONCEPÇÂO o personagem do Matheus Nachtergaele fala alguma coisa do tipo que é a memória que fode com a gente. Eu acho o Matheus um deus. O melhor ator do mundo.
Nem tenho palavras pra elogiar essa criatura. E com essa desculpa da memória eles ficam o filme todo mudando de identidade, fazendo orgias, tomando de tudo e se divertindo. Parece ótimo. Um tesão mesmo. Depois o movimento concepcionista acaba. E o filme tb. Imagino que vc não consiga mais ser uma pessoa "normal" depois de ser tão "livre" e deve ser horrível viver só de memórias.

Caralho, desculpa a intromissão inevitável mas to no trabalho nesse momento eu faço um bico de recepcionosta e chegou uma figura muito antipática que vou ter que atender.

sábado, 7 de novembro de 2009

os 6 pecados num dia só ou o inferno astral

Tudo começou ontem cedo quando fui procurar o certificado de conclusão do ensino médio que preciso apresentar pra pedir o meu diploma na Faculdade. Eu me formei em 2005 e só fui atrás disso anteontem.
Encontrei o boletim dos colégios Rosário e Mauá numa caixa com vários outros recuerdos. Cartões postais, bilhetinhos do tempo do colégio, desenhos, poesias feitas pra mim por vários namoradinhos, cartas escritas a mão em folha de caderno, endereços, fotos com meu pai e meus irmãos, cartão de aniversário....
Li um por um e acabei cometendo 6 dos 7 pecados na mesma tarde.

SOBERBA: Fiquei orgulhosa com a quantidade de bilhetinhos apaixonados que encontrei. Incrível! Me senti a Rainha da cocada preta! Gostosa pra caralho!
Achei tb uns desenhos lindos de uma namorado artista plástico que acho que vou até enquadrar!! E qualquer hora vou transcrever os bilhetes do João Carlos, ele era meu colega no colégio na quinta ou sexta série, sei lá, não importa que foi escrito a 18 anos atrás, ele era cego de amor.

LUXÚRIA: Os bilhetes são a prova de como eu sou (ou era, pra ninguém se assustar!) galinha. Esse João, coitado, chega a escrever que não entende porque que eu fico com todos os guris e não fico com ele. Sabe por que João? Pura maldade e manipulção feminina. Eu lembro que nunca quis ficar com ele mas vivia dando esperança pra ele continuar ali a disposição.

IRA: Encontrei as cartas do meu primeiro "namorado sério", o Cris. Deu uma raiva dele. A gente namorava e ele me deu um pé, daí resolvi ir pra Califa passar um ano e desencanar dele só que uma semana antes de eu pegar o avião ele quis voltar a namorar, voltei.
Absurdamente viajei pra Califa aos 17 com as minhas melhores amigas, não peguei ninguém lá, saí pouco e voltei antes do previsto porque tava namorando esse babaca do Brasil. Puta que pariu! Nem preciso dizer que gastei todos os dólares em presentes da RIP CURL pra ele e que uma semana depois de eu chegar de volta no Brasil ele me chutou de novo.

PREGUIÇA: Com tantos recuerdos em mãos fiquei com preguiça de ir na Faculdade levar os documentos.

INVEJA: Porra, morro de inveja das minhas amigas que ficaram na Califa, aprenderam inglês e ainda foram pro Hawaii.

GULA: Devorei um açaí de 500ml sem estar com fome.

Ok, não fui avarenta pelo menos. Mas senti culpa pelos cartões postais da minha mãe. Ela escrevia da Espanha quando foi fazer a pé os 700 km do Caminho de Santiago. Cartões supercarinhosos. Enquanto ela estava lá em busca de algo Sagrado, eu tava dando altas festas no ap de banda. E quando ela voltou eu fiquei zoando e perguntando se ela enfim tinha encontrado Deus. Tadinha, voltou cheia de bolha no pé de tanto caminhar.

Senti saudade dos meus irmãos olhando as fotos da gente na Praia do Rosa em 1999. E do pai tb.

Daí fiquei pensando na velhice.
Vou fazer 31 esse mês. O tempo voa. (não diga?!).
Me sinto adolescente ainda, totalmente despreparada pra assumir certas coisas. Ou seja, uma bosta, porque já não sou a Rainha da cocada faz tempo e não sou porra nenhuma tb.
E me sinto sozinha. Mesmo acompanhada. (não diga?! que clichê minha filha, conta uma novidade agora!)
Por que a gente sempre acha que pode contar com alguém mesmo depois de quebrar a cara na parede milhões de vezes?
Não faz sentido!
Preciso decidir se terei filhos daqui a pouco.
Filhos meu Deus?
Já quis muito ser mãe, já engravidei 2x inclusive.
Hoje me sinto tão só que seria incapaz de imaginar a gestação.
Fora as celulites e a lei da gravidade que jogam na minha cara o tempo todo que eu não sou mesmo mais a Rainha da cocada preta.
Já não posso tomar sol demais pra não manchar a pele.
Tudo um saco!
Tudo conspira pra que a gente queira parar o tempo.
Deve ser o inferno astral.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ao som de Tommy Guerrero

Pois é...

Deu sol no dia dos mortos aqui no Rio. Não lembro de ter acontecido isso antes. Sempre chove ou venta muito. Deve ser pra lavar e varrer as almas. Mas de noite chuveu. Fiquei aliviada.
Fui tomar uma cachaça no barzinho perto de casa e olhando pra chuva lembrei do tempo que eu ficava 3 meses de "férias" na Guarda do Embaú. (digo "férias" pq nessa época eu vivia de férias, fazia 3 matérias na faculdade de Direito só pra não encherem o meu saco e tinha uma amiga que fazia as provas por mim)
O último verão que eu tive a cara de pau de fazer isso de ficar 3 meses lá foi de 98 pra 99. Aluguei uma casinha de madeira azul com 2 amigas e ficamos lá pastando, fumando, bebendo, vendo as pessoas chegarem e irem embora de suas curtas temporadas.
Nossa casinha era incrível, foi guarita pra vários malucos da Guarda que as vezes não tinham onde dormir, cenário das nossas paixões de verão, lugar pra amanhecer fazendo a cabeça com a galera depois da balada... muito bom...
Além da gente tinha uma casa vizinha com uns guris de Niterói que tb ficaram o verão todo. Eram nossos amigos e um deles que a gente apelidou de Palmeira Triste teve um casinho com a Bruna. Coitado. Ela cagava pra ele e ele sempre ali...
Na última noite do Carnaval esses meninos foram presos. Acusados de tráfico. Foi muito triste. Todos muito novinhos e apavorados indo embora algemados de cabeça baixa morrendo de vergonha. Ficamos arrasadas...
Lembro que quando chuvia a gente ficava andando pra lá e pra cá pela vilinha de pés descalços na lama e que a gente fazia o guarda-sol de guarda-chuva. Ou então a gente sentava no Bar do João e ficava suspirando esperando o amor das nossas vidas passar ou o sol aparecer.
Uma noite a gente chegou da balada e tinha uma garrafa de cachaça de gengibre de presente na nossa porta, nunca descobrimos quem deixou lá.
Essa é uma das melhores lembranças da minha vida.
A gente era muito sortuda.
No final desse verão eu me apaixonei por um hippie que tava acampado no meio do mato e larguei a casinha pra morar com ele na barraca. A gente só comia arroz integral, sempre num prato feito da cabaça de côco e com garfos feitos de madeira artesanal. Mucho loca.