quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ao som de Tommy Guerrero

Pois é...

Deu sol no dia dos mortos aqui no Rio. Não lembro de ter acontecido isso antes. Sempre chove ou venta muito. Deve ser pra lavar e varrer as almas. Mas de noite chuveu. Fiquei aliviada.
Fui tomar uma cachaça no barzinho perto de casa e olhando pra chuva lembrei do tempo que eu ficava 3 meses de "férias" na Guarda do Embaú. (digo "férias" pq nessa época eu vivia de férias, fazia 3 matérias na faculdade de Direito só pra não encherem o meu saco e tinha uma amiga que fazia as provas por mim)
O último verão que eu tive a cara de pau de fazer isso de ficar 3 meses lá foi de 98 pra 99. Aluguei uma casinha de madeira azul com 2 amigas e ficamos lá pastando, fumando, bebendo, vendo as pessoas chegarem e irem embora de suas curtas temporadas.
Nossa casinha era incrível, foi guarita pra vários malucos da Guarda que as vezes não tinham onde dormir, cenário das nossas paixões de verão, lugar pra amanhecer fazendo a cabeça com a galera depois da balada... muito bom...
Além da gente tinha uma casa vizinha com uns guris de Niterói que tb ficaram o verão todo. Eram nossos amigos e um deles que a gente apelidou de Palmeira Triste teve um casinho com a Bruna. Coitado. Ela cagava pra ele e ele sempre ali...
Na última noite do Carnaval esses meninos foram presos. Acusados de tráfico. Foi muito triste. Todos muito novinhos e apavorados indo embora algemados de cabeça baixa morrendo de vergonha. Ficamos arrasadas...
Lembro que quando chuvia a gente ficava andando pra lá e pra cá pela vilinha de pés descalços na lama e que a gente fazia o guarda-sol de guarda-chuva. Ou então a gente sentava no Bar do João e ficava suspirando esperando o amor das nossas vidas passar ou o sol aparecer.
Uma noite a gente chegou da balada e tinha uma garrafa de cachaça de gengibre de presente na nossa porta, nunca descobrimos quem deixou lá.
Essa é uma das melhores lembranças da minha vida.
A gente era muito sortuda.
No final desse verão eu me apaixonei por um hippie que tava acampado no meio do mato e larguei a casinha pra morar com ele na barraca. A gente só comia arroz integral, sempre num prato feito da cabaça de côco e com garfos feitos de madeira artesanal. Mucho loca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário