Ela levantou antes que eu mais uma vez. Fui dormir tarde de novo. Não tão tarde quanto anteontem mas não era cedo.
Escutei os barulhos dela na cozinha, a chaleira se enchendo de água, o fogão sendo aceso e a batida do metal da bunda da chaleira na boca do fogão.
Todas as manhãs ela sai da cama, esquenta água para o capuccino semi-pronto e senta na única poltrona da sala que fica em frente à janela.
Tentei voltar a dormir, joguei os travesseiros para o lado dela na cama e fechei os olhos.
Acordei sem saber que horas eram. Há dias eu acordo assim sem noção do tempo, sem saber se são 7, 11 ou 2 da tarde. Durante dois anos eu acordei todas as noites exatamente às 3 e meia da manhã, todas as noites durante dois anos. Impressionante. Acordava e ligava a televisão. Só voltava a dormir pelas 5 da manhã.
A água ferveu, vou tomar um capuccino e olhar pra rua.
- Que merda!
Absolutamente não sei o que vai ser de mim durante o dia de hoje. Aliás não sei o que será de mim daqui pra frente. Estou no momento clichê, sonhos derrubados, vontades confusas e inércia. E ele dormindo.
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