sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

então, descolei internet de novo!

vou postar os textos antigos sem reler.

to bem resfriada por causa da poeira, continuo em Bodhgaya mas não tenho assistido todos os ensinamentos de S.S. Dalai Lama. Prefiro evoluir pela cidade observando.


Deli 02.01.10




Cheguei nessa madrugada com muita névoa e frio. Eu não esperava frio na Índia, um lugar tão conhecido pelo calor insuportável.

O indiano Varun nos esperava com uma placa Dharma yatra e uma guirlanda.

O hotel é bem ocidental. 4 estrelas. Tomei um banhão depois de 2 voos. Rio-Paris - Paris-Deli.



Depois do café da manha fui a pé até um lugar pra pegar um tuc-tuc até o templo de lótus. Fica num jardim e dentro dele não pode dar um pio. Não pode falar. é proibido. Aproveitei pra fechar os olhos e escutar as buzinas de longe..



Depois fui de tuctuc até o templo hare krishna . assisti um show tipo brinquedo do Peter pan na Disney com a historia do bagavah gita. O karma, a ação e reação, a galinha que vc come hoje pode te comer amanhã, etc.



Depois fui no templo propriamente dito oferecer uma guirlanda pra krishna e passar a prabhada na cabeça, porque beber não rola. Eles servem na mão e a minha tava imunda.



Os indianos pedem pra tirar foto com a gente toda hora. Algumas adolescentes olham sinceras e profundamente nos olhos dizendo que eu sou beautiful. Alguns pais trazem bebes de colo pra olhar a gente de perto e dar tchauzinho.



Os indianos ou olham pra gente encantados ou desconfiados. Não tem meio termo.



Ainda tudo é um sonho. Tudo surreal e ao mesmo tempo familiar.



Agora to com o nariz entupido no quarto do hotel antes de dormir. Meus olhos estão cheios de poeira e estou bem feliz.





Agora é de madrugada e deu insônia. Pra não ficar chato esse diário de viagem, pensei em me perguntar coisas cotidianas a partir do que estou vivendo aqui. Hoje, por exemplo: o que que eu vim fazer aqui na índia. Conhecer, estudar budismo por causa do filme e buscar a verdade. A minha verdade claro. Então por esse período dou adeus a olhares tarados em volumes masculinos em calça jeans de desconhecidos, as noitadas, fantasias e tudo mais. Por um período.



E agora pensando na visita no Vedic Museum, o Disney krishna, me pergunto sobre as almas vagabundas dos artistas que conheço. Van Gogh, Cazuza, Caio F, John Coltrane, Janis, Jimi e Jim, essa gente toda que viveu em excesso todas as ilusões de felicidade da vida, drogas, sexo e tudo mais. Que lugar ocupam na evolução espiritual. Deixaram uma obra divina mas destruíram seus corpos indo contra tudo que e correto na espiritualidade. Eu sei que cada um tem a sua espiritualidade, mas....

Deve ser isso então. Cada um com a sua. A verdade de cada um. A Fé de cada um. O deus de cada um ainda que esse deus só possa ser encontrado com aditivos..



Detesto a idéia católica que os pecadores, luxurentos, gulosos, drogados ardem no inferno. Gosto da idéia de evolução. Fiquei imaginando se já fui indiana, homem, uma vaca ou galinha. E me olhando no espelho do banheiro 4 estrelas as 5:30 da manha ainda não sei quem sou agora, nessa vida. Não entendo o que eu carrego dentro e nem o que vou construir daqui pra frente.



Quero que chegue logo o café da manha pra comer croquete de legumes e depois escovar os dentes com água mineral.





Deli 03.01.10



Índia em preto e branco



Old deli.



Lugar horrível.



Parte de deli mais muçulmana que significa muito mais homens que mulheres na rua.



Muiiito sujo.



Aqui não há sáris coloridos. Somente homens vestidos de cinza, preto e branco e os sikkis. Aquele barbudos que colecionam facas.



Visitei Tb o lugar onde Gandhi foi cremado e uma réplica da casa que ele vivia.









Agora eu to no trem indo pra Bodhgaya. Era pro trem sair as 23 mas saiu quase 5 da manhã.



Andar de trem aqui é chocante. Dei logo uma crise descontrolada de choro. A viagem vai durar umas 15 horas.



Eu to no melhor vagão os outros são beemm complicados pra quem é fresco. E os indianos roubam as cabines dos estrangeiros. As malas desaparecem.







6.01.10



Bodhgaya.



Não quero esquecer que eu me emocionei na estupa de budha.

Que bodhgaya tem estrada de terra.

Que eu nunca vi tanto monge na minha vida.





E que embora varias vezes eu me sinta muito sozinha eu estou feliz.

E que a impermanência é um conceito que de tão fácil e óbvio a gente tem dificuldade de aceitar.

E que o egoísmo do outro é uma das coisas que mais me machuca.

E que alguns dos meus pensamentos são incoerentes tanto com o que eu digo quanto com os pensamentos seguintes minutos depois.

E que o budismo é realmente uma filosofia linda capaz de nos libertar do sofrimento.

E que fechar os olhos aqui pra meditar é uma delicia.

E que hoje eu não acho que os artistas que eu adoro e que morreram de excesso foram realmente livres e felizes.









MALDITA SEJA A INTIMIDADE QUE DESTROI QUALQUER CERIMÔNIA

ENTRE NÓS.



E SE VOCÊ NÃO FAZ QUESTÃO

SE QUANDO EU SAIO DO BANHO

VOCÊ TA NO ESCURO

SE O BRILHO DOS OLHOS É RARO E DUVIDOSO

SE SUA ATENÇÃO ESTÁ VOLTADA PRA OUTROS LADOS

SE AGORA SINTO FRIO E ESCREVO NA PENUNMBRA



SÓ ME RESTA CONTINUAR COM MEUS RUÍDOS E ENTORPECER MINHA GARGANTA COM SPRAY DE PRÓPOLIS SABOR MENTA.

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