domingo, 18 de julho de 2010

Dia Branco

Esse dia branco me lembrou minha vida no sertão. Passei minha adolescência no calor do sertão. Na verdade não lembrei da vida lá, lembrei de um episódio específico lá. Eu era adolescente e apareceu um circo, não um circo como o da Lilla Ritter, mas um circo ritualístico, um circo que não tinha bichos, nem trapezistas, nem palhaços, tinha era muito tambor, danças em volta do fogo, nudez e homens lindos de pele lisinha. A única coisa que remetia ao circo comum era a arquitetura, a arena e a lona.
Eu me apaixonei perdidamente, loucamente, irresponsavelmente por um cara, o Fitó. Ele era meio índio mas tinha os cabelos encaracolados. Daí ele me puxou pra dançar na roda do fogo e eu fui. E depois ele me levou na cabana, no acampamento, sei lá como chamar aquele lugar bagunçado de chão de terra e poeira mas que era  perdidamente, loucamente, irresponsavelmente sedutor. Só lembro bem mesmo é dele levantando meu vestidinho de pano pra colocar a mão na minha bunda e que eu fiquei o tempo todo com as pernocas enroscada na cintura dele. Ele ia me deitar no colchão no chão e eu disse "na cama não", então ele me colocou sentadinha no fogareiro improvisado da cabana e mordeu meus lábios.
No outro dia fui correndo até a praça procurar o acampamento do circo mas eles já tinham ido embora. Não sobrou nada. Só um vento muito forte que levantava mais ainda a poeira. Fiquei parada de frente pra ele deixando ele varrer do meu corpo o cheiro do Fitó. E chorei.

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